segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Receita de Ano Novo - Drummond

Eis que chegamos ao dia 31 de Dezembro de 2012 ...

Para muitos hora de meditar, fazer novos planos ... Gosto do cheiro de alfazema, gosto de colocar rosas no mar ... e como às vezes as palavras me faltam para dizer algo que sinto trago meu amigo Drummond com uma receita ...

Até 2013!!!!!

RECEITA DE ANO NOVO


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


domingo, 30 de dezembro de 2012

O (des)encanto inclusivo

Oiê ...

Mais uma vez estou por aqui para Fuxicar ... Hoje publico um texto escrito em um dia de fúria no ano de 2010 quando trabalhava em um Núcleo de Educação Inclusiva ... Diante do fato de não conseguir esbravejar, falar e ser escutada - Afinal meus amigos, não é fácil ter outro ponto de vista !!!! - então resolvi escrever sobre isso e compartilho com vocês as minhas inquietações ... Até porque em 2013 acredito e desejo que eu possa fazer tudo diferente!!!
 
Aguardo os comentários para que possamos alinhavar esta colcha!!!
 
 
O (des)encanto inclusivo

Ludmilla Lopes da Fonsêca[1]

Encanto, do Aurélio substantivo masculino que significa encantamento; feitiço; atração; coisa ou pessoa encantadora e muito atraente. Esse outrora foi o meu sentimento pela inclusão. Hoje penso escandir isso e, me (des)encontro e me (des)encanto.

Como crer numa inclusão[2] pregada e não operada? Assim, como uma Função Paterna que claudica, vejo o processo de inclusão e, mais uma vez me (des)encanto. Legislações novas são produzidas, apenas teoria [...] pessoas xiitas são enaltecidas e eu considerada às avessas... É uma castração que romperia com a ilusão de gozo pleno que não chega. É este elemento estrutural Nome do Pai que eu não enxergo. É a alienação completa. É a loucura no real, a psicose, ou quem sabe o fim...

De certo isso é o avesso afinal, o olhar da psicanálise é mesmo o avesso desta pedagogia posta. Não há casamento, não há possibilidade de meu encantamento, só há (des)encanto e (des)encontro. Mudança de foco, mudança de objeto. Outra meta, outra hora, outro momento. Um outro: o Mestrado. Estudar agora só a possibilidade de encontro entre psicanálise e educação para a inibição no ato de aprender. Estudar somente o (des)compasso afetivo de professor frente o aluno com inibição no ato de aprender[3]...nossa muito melhor e, com muito encanto [...]. Mostrar o quanto a escuta da psicanálise enamorada pela educação pode ceder ao educador possibilidade de outra ação. Agora me (re)encanto e, me (re)encontro. Não adianta mais, o divórcio foi consumado e, eu me (des)incluo ao menos teoricamente. Não me quero nesta inclusão, deste jeito.

A deficiência está ampliada não apenas nas crianças (des)eficientes, mas na falta de eficiência de aplicação, na falta de formação inicial que, de fato, forme. O que há é (con)formação, é inoperância, é um claudicar. É uma rede simbiótica de mãe e filho que não tem terceiro. Até querem que ele opere, mas ele não existe. Esse pai se ausentou, se foi [...] e, o Édipo não pode ser resolvido. A metáfora não poderá ser operada. A fita de Möebius se desfaz, se rompe, o véu se desvela.

Vivo, ou melhor (con)vivo. Até quando conseguir [...] Falar, e ver ressoar que é preciso redimensionar que é preciso mudar. Deixar de domesticalizar relações, deixar de virtualizar e colocar em prática o que a academia estuda e, propõe. Um novo estilo.

Neste novo estilo faço bordas, busco bordas, ou melhor, busco um vento à boreste que infle minha vela e me leve além mar onde eu possa construir, onde eu possa ampliar onde eu possa ao pôr do sol costurar e, continuar minha colcha de retalhos.

Haroldo de Campos (apud Mello[4]),

“em um artigo onde aborda esta questão, lembra que a palavra estilo, que em francês é style, e stylo, que significa lapiseira, caneta nesta língua, vêm da mesma palavra latina stilus, que tem o sentido de instrumento pontiagudo, de metal ou osso, com o qual se escrevia nas tábuas enceradas. Ele recorda ainda que a afinidade entre as palavras está conservada em português pelo termo diminutivo estilete que, como sabemos, refere-se a um punhal e sugere que ‘foi por um passe metonímico – por um transpasse de significantes – que o instrumento manual da escritura passou a designar a marca escritural mesma: o estilo.’”

Por isso, o meu (des)encanto inclusivo e o meu encanto regular e, em tempo integral. Por isso, Mais Educação[5][...]simplesmente por isso. Por isso, esse novo estilo.

Como bem coloca Ornellas[6] “o sujeito nasce da trama desejante, marcado pela falta e pela plenitude. E essa identificação com o outro contribui para sua constituição.” E, me constituo neste Outro, e ainda neste outro projeto que me inspira e me faz respirar. Nas pesquisas que se iniciam e, que como uma árvore frondosa darão sombra e frutos doces...às vezes também darão frutos não tão doces, às vezes nem sombra darão...pouco importa...é a minha (in)completude.

REFERÊNCIAS

FERREIRA, A. B. H. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1977.
FREUD. S. Além do princípio do prazer. In: Obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD. S. Esboço de psicanálise. In: Obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD. S. O futuro de uma ilusão. In: Obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
KUPFER, M. C. Freud e a educação: o mestre do impossível. São Paulo: Editora Scipione, 2004.
______. Educação para o futuro: psicanálise e educação. São Paulo: Escuta, 2007.
LACAN. J. Seminário 11 – Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990.
______. Seminário 20 - Mais Ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985.
LAPLANCHE E PONTALIS. Vocabulário de Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
ORNELLAS, M.L.S. Afetos manifestos na sala de aula. São Paulo: Annablume, 2009.
______. Estilo: marca que obtura a falta do outro. Texto apresentado no II Colóquio Estadual de Educação, UNEB. CD ROM.
SOARES, J. Psicanálise e Educação: novas aproximações num tempo de mutações. Revista da Faced, n° 08, 2004, p. 195 – 207.



[1] Psicóloga, Psicopedagoga, Técnica da Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (SECULT); Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade - UNEB ; Pesquisadora do GEPE-RS (Grupo de Estudos em Psicanálise, Educação e Representação Social);  ludy_fonseca@yahoo.com.br
[2] Inclusão - aqui referida quanto a inclusão de alunos com deficiências em escolas regulares.
[3] Título inicial do meu projeto de pesquisa do mestrado que depois foi defendido sob o título: Inibição no fuxico de aprender, PPGEduC - Universidade do Estado da Bahia, 2012. 
[4] MELLO, Denise Maurano. Estilo e Gozo no Ensino e Transmissão da Psicanálise. Disponível em www.psicologiaonline.pro.br
[5] Em referência ao Programa do MEC que prevê escola de tempo integral o que vem sendo implantada em diversas cidades brasileiras.
[6] ORNELLAS, M.L.S. Estilo: marca que obtura a falta do outro. Texto apresentado no II Colóquio Estadual de Educação, UNEB. CD ROM.
 

sábado, 29 de dezembro de 2012

CASAMENTO HOMOAFETIVO

http://www.metro1.com.br/portal/?varSession=noticia&varEditoriaId=2&varId=22504
Desde o último dia 26 de Novembro de 2012, os casais homoafetivos que desejam se casar basta se dirigirem ao cartório mais próximo para dar início ao processo. A Bahia foi um dos estados pioneiros e legalizou a união em outubro deste ano.

A medida foi assinada pela desembargadora Ivete Caldas, corregedora geral da justiça e pelo desembargador Antônio Pessoa Cardoso, corregedor das comarcas do interior do estado da Bahia, e publicado no Diário Oficial da Justiça.

Mesmo tendo sido legalizado em outubro, o tempo de mais de um mês foi necessário para que o Tribunal atualizasse o sistema de informática que emite as certidões de casamento. "Quando eles aprovaram tudo, descobriu-se que o sistema não tinha como gerar certidão sem falar no termo 'marido e mulher'. O que não faz sentido, já que agora pode se ter dois maridos ou duas mulheres", esclareceu a advogada Cláudia Viana.

Novos arranjos familiares


OIÊ ...

Nesta terça, 25 de Dezembro, data em que se comemora o Natal estava lendo a Folha de São Paulo e me deparei com a coluna de Juliana Cunha denominada Veja como as 'novas' famílias comemoram o Natal.
Achei interessante postar aqui no blog alguns dados revelados pelo IBGE trazidos na reportagem e também apresentar estes novos arranjos familiares.

 
“Embora quase toda publicidade desta época seja estrelada pela família margarina, a real é que 50,6% das famílias brasileiras comemoram o Natal de um jeito mais bagunçado.

Para quem vive em novos arranjos como a FAMÍLIA MOSAICO, a ESTENDIDA e a MONOPARENTAL, papai, mamãe e filho só existem no presépio.

A chamada família mosaico, mistura frutos de diferentes uniões e corresponde a 16,2% dos casais com filhos no Brasil.

No Natal, a casa fica cheia. Já o Ano-Novo é solitário: as "crianças" ficam com seus "outros" pais.

O típico DINK ("Double Income No Kids"), sigla para casais com renda dupla e sem dependentes - representam 2,9% da população no Brasil.

Lares compartilhados por casal com filhos e outros parentes, são 5,45% das famílias do país, segundo o IBGE, e são chamados de família estendida.

Divorciados que optam pela guarda compartilhada são minoria: foram 5,4% em 2011. Mas o percentual dobrou na última década.
O arranjo conhecido como família monoparental é quando o pai ou a mãe vive só com os filhos. Mulheres sozinhas com crianças representam 15,3% dos lares brasileiros. E pais sozinhos com filhos são apenas 2,2%, segundo o IBGE.”

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1205618-veja-como-as-novas-familias-comemoram-o-natal.shtml

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Fuxicando sobre Educação Infantil com Solange Mendes

Oiêêêêêê ...
 
O "Fuxicando com Milla" conforme falei anteriormente terá algumas participações especiais.
Hoje trago para fuxicar sobre Educação Infantil a pedagoga Solange Mendes ... Penso que o escrito dela vai mexer com o que pensamos sobre escola, criança, ensino, brincar ...
 
Aguardamos os comentários de vocês!!!
Peguem agulha e linha e venham dar outros pontos nesta colcha ....
 
Milla
 
 
 
Qual a importância da educação infantil no processo de formação do indivíduo?


 
 








Por Solange Mendes
Pedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional
Supervisora GT Educação Infantil/CENAP/SECULT
 
 
Fulghum (2004) traz o significado que construiu sobre a Educação Infantil, criando o Credo do Jardim de Infância:

"O que aprendi: dividir tudo com os companheiros; jogar conforme as regras do jogo; não bater em ninguém; guardar as coisas onde as tivesse encontrado; arrumar a bagunça feita por mim; não tocar no que não é meu; pedir desculpas quando machucasse alguém; lavar as mãos antes de comer; apertar a descarga da privada; biscoito quente e leite frio fazem bem à saúde; fazer de tudo um pouco — estudar, pensar, desenhar e pintar, cantar e dançar, brincar e trabalhar —, todos os dias; tirar uma soneca todas as tardes; ao sair pelo mundo, ter cuidado com o trânsito; saber dar a mão e ter amigos; peixinhos dourados, porquinhos da índia, esquilos, hamsters e até a sementinha no copinho de plástico, tudo isso morre, nós também; lembrar dos livros de histórias infantis e de uma das primeiras palavras aprendidas, a mais importante de todas: — Olhe! (p. 16)."

Aprender a compartilhar o que sabe o que aprendeu e o que se tem é primordial para as atividades e o convívio em grupo, seja nessa ou em outras fases escolares, seja também na carreira profissional. Se esses aprendizados construídos enquanto criança, na educação infantil, forem aplicados na vida adulta, no convívio cotidiano, certamente a sociedade será outra.

Não queremos que as crianças pequenas vão para escola apenas para aprender as cores, pois as cores estão no mundo e este conhecimento elas já sabem ou que aprendam coisas que não façam nenhum sentido para a sua vida cotidiana. Ao educar as crianças é preciso pensar sobre que é construtivo e significativo.
 
É fundamental compreender o verdadeiro sentido e função dessa etapa escolar e a sua importância em relação à formação do indivíduo, assim, a educação infantil cumprirá o seu papel ao educar e cuidar das crianças pequenas colaborando para a formação crítica e reflexiva do cidadão. E, quem sabe, o Brasil deixará de ser apenas o país de um futuro que nunca chega.
 
 
Referência:

FULGHUM, Robert. Tudo o que eu devia saber aprendi no Jardim de Infância. São Paulo: Best Seller, 2004.

 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Psicomotricidade e Psicanálise


Contribuições da Psicomotricidade e da Psicanálise: ampliando olhares sobre a aprendizagem
Ludmilla Lopes da Fonsêca

De um modo geral podemos considerar que o corpo e os gestos são fundamentais para a formação global do ser humano. Desde que nasce, podemos perceber que a criança usa a linguagem corporal para conhecer a si mesma, para relacionar-se com seus pais, para movimentar-se e descobrir o mundo. Essas descobertas feitas com o corpo deixam marcas, são aprendizados incorporados e eficazes, que lhe dão acesso a ordem da cultura, além de auxiliar na formação do mundo simbólico deste sujeito.

Para que de fato isto seja constituído de modo efetivo e psiquicamente saudável, neste sentido sob o prisma da psicanálise que aqui tomo como balizador, é necessário que a constituição do sujeito se dê dentro da base triangular. A triangulação edipiana formada por pai – mãe – criança inaugura um mundo simbólico sustentado pela lei exercida pela função paterna, o pai fazendo parte do mito necessário à ordem (Lei) e, essa suposição torna-se universal e paira no imaginário coletivo.

A esse respeito, Lacan[1] defende a importância do pai, não enquanto ser encarnado, mas como ‘entidade essencialmente simbólica’ que ordena uma função. Nesse sentido, a questão do pai é postulada por tal autor sob a égide da triangulação edipiana como unidade fundadora da família. Com isso, busca-se marcar a importância das funções parentais e do seu papel simbólico enquanto um sistema ordenador do sujeito e suporte da estruturação psíquica da criança, permitindo-lhe iniciar-se em uma existência significante.

Assim, parafraseando Lacan, a família não se constitui apenas de homem, mulher e filhos, ela é antes construção psíquica, onde cada membro tem sua função e seu lugar constituindo-se num verdadeiro sistema cuja marca desempenha papel fundamental no nascimento do sujeito, em sua inscrição subjetiva.

Esta prévia psicanalítica tem como intuito demonstrar o valor da família como uma instancia importante para a criança numa ordem simbólica. As palavras que lhes são dirigidas são cheias de sentimentos dos agentes que a circulam e, inaugura possíveis vias de simbolização e sentimento. A família é então a entrada em contexto amplo e social, e é assim que, para fins desse trabalho, considera-se a família, de modo geral, nos moldes propostos pelo psicanalista Jacques Lacan, ou seja, como “sendo aquela na qual configura-se não apenas um grupo natural, mas, simbólico”.[2]

 A partir de tais premissas vemos então a importância simbólica da família na estruturação de uma criança e ainda a importância do corpo visto que a criança pequena vivencia inicialmente o mundo no corpo. Isso ficará ainda mais demonstrado quando a criança passa então a ter fraturas no processo de conhecimento. O seu corpo, o seu movimento, a sua aprendizagem em algum momento podem apresentar-se fracassados e eis que a análise de tal contexto – a família - é remetida para que a compreensão deste sujeito se faça.

Uma criança, neste sentido, pode apresentar uma inapropriação do seu corpo de modo que é torpe nos seus movimentos. Estes a tornam uma desajeitada para o senso comum, mas, mais do que isso, ela vivencia um significante de incapacidade como sendo a sua imagem corporal, pois desde sempre fora deste modo considerada e falada pelo meio familiar como aquela que é incapaz de pegar algo que “tudo cai das suas mãos” ou ainda “vive caindo pelo caminho”.

A contribuição da Psicomotricidade neste caso se mostrará eficaz quando o profissional conseguir acessar e compreender tal significante e permitir que o sujeito o elabore de modo mais adequado passando a uma imagem corporal diferente e, por conseguinte uma vivência corporal menos sintomática dando outros significados à sua vida. Isso se dará dialeticamente em âmbito inconsciente influindo no consciente através das atitudes globais do sujeito. O local adequado deste tipo de análise seria então o setting terapêutico onde através do brincar com materiais menos estruturados como panos, bolas, tubos, bambolês dentre outros que lhe permitam simbolizar, o psicomotricista pudesse desenvolver sua linha de trabalho.

Os conhecimentos da psicomotricidade à educação ampliam e auxiliam então questões referentes a aprendizagem quando demonstram que alguns casos de dificuldade não se circunscrevem apenas a questões pedagógicas em si, mas, a questões psicomotoras. Por vezes, nas questões levantadas vem à tona uma imagem corporal desconexa de modo que a atitude emocional frente ao seu próprio corpo naquele momento está lhe permitindo simbolizar através daquele sintoma escolar. Por outras vezes, uma falta de domínio óculo-manual - que é fundamental de ser adquirido para que a criança tenha um bom domínio da escrita - necessita ser trabalhado. Neste sentido, percebamos quão importante é a interferência multiprofissional fazendo o educador o encaminhamento necessário e ampliando sua leitura do cenário educativo contemporâneo.

Outro exemplo disso, seria quando um profissional consegue verificar que uma criança apresenta comportamentos mais instáveis tendo necessidade de estar em movimento sendo desorganizada no espaço e nas questões práticas. Ele tem então o conhecimento teórico acerca da psicomotricidade que por vezes uma criança desorganizada apresenta também um esquema psicomotor desorganizado. Daí verifica a importância de um trabalho psicomotor que permitirá que seja redimensionada a sua falta de planejamento motor passando a usar seus movimentos em relação ao outro, a si mesma e ao meio - a sua corporeidade - como forma de melhorar essa sua relação Eu no Mundo.

Certamente é na escuta minuciosa e na acolhida da demanda “através de um olhar que possa contemplar e alcançar a singularidade das existências”[3], através da utilização do lúdico, do jogo, da observação das falas, dos silêncios, dos gestos e do corpo, enfim, das diferentes manifestações expressivas do sujeito trazidas ao profissional e, ainda avaliando como vão se construindo os caminhos traçados pelos desejos humanos e seus quereres concernentes à aprendizagem,  revelando deste modo a sua condição de ser-no-mundo que irá pautar o trabalho que tenha uma orientação psicanalítica visto que o ato de escutar concebe a subjetividade como constituída através dos vínculos com o outro e, permitirá um olhar que enfatiza os artifícios internos, subjetivos e intrapsíquicos do aprendente que neste caso encontra-se em “processo de construção do conhecimento, o ser cognoscente”[4].

Em tempo, lembremos que o trabalho com o corpo durante a escolarização passa por períodos distintos. Podemos de um modo geral considerar que se a apropriação deste corpo não se der adequadamente poderemos encontrar dificuldades no futuro, pois a simbolização no corpo vai se dando na medida em que o sujeito vai se constituindo enquanto tal. Durante a Educação Infantil, por exemplo, a necessidade de movimentar-se é mais respeitada pela escola, o corpo é usado em brincadeiras, atividades de arte, de música etc. A criança pode correr, pular, levantar-se sem censura alguma. O problema é na passagem para o primeiro ciclo por volta de 6 ou 7 anos.

Neste caso, a criança é chamada a ter uma outra postura, a de ser mais séria, afinal de contas, acredita-se que para entrar no letramento é necessário estar sentado em frente ao ‘mestre’ para dele ‘beber’ o conhecimento. Mas será que se trata apenas de uma questão cronológica? Será que há necessidade de olhar fixamente para o quadro para aprender ou, será que vivenciar o aprendizado no corpo torna mais efetivo e mais satisfatório aprendizado?

Estas são questões a se pensar! Como pontua Esteban Levin em entrevista[5] à repórter Paola Gentile da Revista Nova Escola “Os movimentos são saberes que adquirimos sem saber, mas que também ficam à nossa disposição para serem colocados em uso”. Nesta mesma entrevista, Levin pontua ainda que “a obrigação de deixar o corpo estático, sem movimento, pode ser uma das causas da hiperatividade, isso sem falar das dores corporais que a falta de atividade às vezes traz”. Ratifico com isso a minha hipótese na prática psicológica de que muitos casos encaminhados pela escola como falta de atenção e concentração, ou ainda, dificuldade de aprendizagem estão muito mais associados a questões psicomotoras mal trabalhas e, até por que não, mal administradas.

Sim, digo mal administradas pois, percebo uma ansiedade atual quanto a criança permanecer sentada chegando este aspecto a ser qualificado como avaliativo. Em tempos de tecnologia e cibercultura onde se fica sentado em frete à TV ou na internet, em chats, redes sociais ou em jogos eletrônicos durantes horas, parece-me que isto faz esquecermos que criança por si é movimento, é corpo em movimento como meio de absorção do mundo ao seu redor.

Suponho que uma forma de minimizar tais encaminhamentos seria um trabalho planejado com a finalidade de demonstrar ao professor que um bom uso do corpo pode ser de grande ajuda no processo de aprender e apreender conteúdos. Aprender experimentando no corpo é mais fácil do que sentados estáticos em frente ao quadro-negro afinal assimilar palavras, conceitos, teorias e construtos é realizado por cada um de modo distinto e, a padronização do estar sentado pode dificultar este processo para aqueles que são mais corporais do que verbais. Devemos enquanto profissionais não perder de vista a possibilidade de pensar várias opções para a criança adquirir conhecimento afinal o uso do movimento corporal pode ser um recurso prazeroso e, por conseguinte, eficiente no processo de ensino e de aprendizagem.

Podemos ainda pensar que juntamente com o corpo docente na escola podemos estar montando planos de ação onde, por exemplo, se realizaria uma competição de esportes. Nela envolver-se-ia conteúdos de várias disciplinas, pois o português seria na leitura sobre os esportes, a matemática no cálculo dos placares, a geografia onde o esporte foi criado, a ciências como funciona o corpo em movimento e muitas outras. Neste caso da competição, o mais agradável às crianças e, que certamente pelas vias do desejo, faria com que compreendessem e incorporassem os conteúdos seria finalmente o movimentar-se. Seria uma experiência marcante e positiva que ia deixar boas recordações, ainda que inconscientes como aquelas que temos da nossa própria infância.

Para que consiga propor tais intervenções é importante que o profissional conheça toda a escola, sua estrutura institucional e que forme laços afetivos que sustentem o trabalho visto que as relações profissionais são muito importantes neste sentido.

A partir do momento em que o profissional se aproxima das diversas instancias através do conhecer ele vai legitimar sua posição dentro da escola, estrutura que agora também fará parte, consolidando o seu trabalho. Terá que tomar cuidado para que não haja superposição de papéis e nesta intervenção pautará sua ação vendo também através da aproximação das instancias como esta escola se insere na comunidade (sociedade) sem pressa de dar resultados destes processos, pois é a escuta detalhada e a interface destes contextos que irão compor o seu plano de ação.

O uso do corpo permite que as lembranças sejam prazerosas, como já citado, e com isso faz com que a pessoa associe o aprendizado a sensações gostosas e encantadoras do brincar. O contato direto com os objetos e a interação com o outro promovem brincadeiras que geram curiosidade, inquietação, necessidade de movimentar-se e, no final, um aprendizado mais efetivo. Afinal de contas compreender a aprendizagem apenas reduzida ao viés da patologia não levará a nada, pois o importante ao profissional na escola é verificar como o sujeito aprende e porque este processo pode estar “atrapado”[6] e não como ele não aprende pois isto está colocado pelos professores, coordenadores e até familiares. Deste modo, vejo a Psicomotricidade e a Psicanálise como sendo uma díade capital de muita importância para os profissionais que atuam na área educacional. 

REFERÊNCIAS
DOR, J. Introdução à leitura de Lacan: o inconsciente estruturado como linguagem, Porto Alegra: Artes Médicas, 1992.
_______. Introdução: a função do pai em psicanálise. In: O pai e sua função em psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991.
FERNÁNDEZ, A. Lugar do corpo no aprender. In: Inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
INGUAGGIATO, M. L. Função paterna e desenvolvimento psicomotor. Revista Iberoamericana de Psicomotricidad y Técnicas Corporales. Ano 1, nº 4, nov/2001.
JERUSALINSKY, J. Temporalidade e desenvolvimento. In: Enquanto o futuro não vem – a psicanálise na clínica interdisciplinar com bebês. Salvador: Ágalma, 2006.
LEVY, E. Reflexões a propósito da clínica psicopedagógica e psicomotora. In: Jerusalinsky, A. (org) Psicanálise e desenvolvimento infantil: um enfoque transdisciplinar. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1999.
ROCHA, M. A pertinência do paradigma da complexidade no campo psicomotor. In: Ferreira, C.A.M. (org) Psicomotricidade Clínica. São Paulo: Lovise, 2002.
SÀNCHEZ, P.A. A psicomotricidade: uma prática pedagógica de ajuda à maturação. In: A psicomotricidade na educação infantil: uma prática preventiva e educativa. Porto Alegre: Artmed, 2003.
SILVA, M.C.A e. Psicopedagogia: em busca de uma fundamentação teórica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.


[1] DOR, J. Introdução à leitura de Lacan: o inconsciente estruturado como linguagem, p.17.
[2] Idem Ibden.
[3] DUTRA, E. Considerations on the meanings of clinical psychology in our times. Via web
[4] SILVA, M.C.A e. Psicopedagogia: em busca de uma fundamentação teórica. p. 29.
[6] Termo usado por Alicia Fernàndez - traduzido para o português como sendo aprisionado - no livro Inteligência Aprisionada.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

CU É LINDO - POR ANA RITA FERRAZ

Então meus caros hoje segue a resenha de uma amiga especial que de fato inspira ao nos fazer pensar sobre esse monossílabo tônico ...

 

CU É LINDO


Por Ana Rita Ferraz



Durante muitos anos, orientei a minha vida pela máxima “quem tem cu tem medo”. Como ouvira dizer que a voz do povo é a voz de Deus, pensava ser este, talvez, mais um mandamento. Por dedução lógica: ora, se todos têm cu, todos têm medo. Medo de quê? Curiosa que sempre fui permaneci atenta a esta conversa de cu. “É foda no cu de Creuza”, “cu de ferro”, e ainda tinha gente que dava o “cu na praça”, diziam. Um dia recebi pela internet uma foto da capa de um LP de Tom Zé; era uma foto de um cu enfeitado por uma gude; chamava-se “Todos os olhos” - talvez aquele fosse o tal “olho do cu”, possibilidade de mirar a ditadura de outra perspectiva. E a galhofa foi aprovada - o poder não vê com todos os olhos, descobrimos. Literalmente um cu enfeitando vitrinas; um “cu piscando” e rindo dos generais.
Pois, esta história de cu tornou-se, para mim, tema de pesquisa. Sempre fui seduzida pela liberdade das palavras. Elas escapam, pensava. Um dia, diante de uma platéia com ares de intelectualidade, um amigo soletrou com cadência: "bo-ce-ta". E libertou a coitada da peja de palavrão. "Agora que os intelectuais da Folha de São Paulo a escreveram, todos vocês já podem falar", dizia ele. O recado estava dado:
- Desacomodem-se, senhores e senhoras, libertai-vos do virtuosismo, a língua do povo espoca nas ruas e nas nossas caras!
Um caso envolvendo o cu, aliás, muito pe(cu)liar, chamou-me a atenção. O mesmo amigo contou-me que quando pequeno seus irmãos mais velhos o pegavam à força para lhe cuspir o cu. Diziam que assim lhe roubavam a honra. Na verdade, não sei se perdeu a honra, mas esse sujeito é, para mim, muito especial; talvez o fato inusitado tenha lhe dado um certo charme e uma irreverência inconfundíveis. Conheço um outro que foi igualmente submetido por uma mulher; esse, num ritual de pura paixão. Até hoje sonha com ela.
Vejam que esta é uma preocupação antiga. Aos poucos, reparando aqui e acolá fui me deparando com situações que exigiam de mim uma posição firme (?) diante das palavras. Foi aí que vi grafado num muro o contraponto daquela máxima que me oprimia há tantos anos: “quem tem medo de cagar não come”. Puta que o pariu, pensei e mais que rápido fiz as associações que me pareciam devidas: “quem tem cu tem medo”, mas “quem tem medo de cagar não come”, e mesmo, “passarinho que come pedra sabe o cu que tem”. Aí reside a sabedoria popular. Com a minha adversativa criei o conflito que precisava para me (re)posicionar diante do mundo. Sim, tenho medo, mas preciso me alimentar; afinal, “saco vazio não se põe de pé”. E como diz Adélia Prado: “cu é lindo”.


 
(Sou Ana Rita Queiroz Ferraz, psicóloga por profissão. O que gosto muito é mexer com as palavras no mais profundo dos seus risos todos, com toda a irreverência que elas podem conter. Assim me fiz, assim me sou).

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A vida me ensinou - Chaplin

 
A vida me ensinou...

A dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração;
Sorrir às pessoas que não gostam de mim,
Para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam;
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, para que eu possa acreditar que tudo vai mudar;
Calar-me para ouvir; aprender com meus erros.
Afinal eu posso ser sempre melhor.
A lutar contra as injustiças; sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo.
A ser forte quando os que amo estão com problemas;
Ser carinhoso com todos que precisam do meu carinho;
Ouvir a todos que só precisam desabafar;
Amar aos que me machucam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações e desafetos;
Perdoar incondicionalmente, pois já precisei desse perdão;
Amar incondicionalmente, pois também preciso desse amor;
A alegrar a quem precisa;
A pedir perdão;
A sonhar acordado;
A acordar para a realidade (sempre que fosse necessário);
A aproveitar cada instante de felicidade;
A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar;
Me ensinou a ter olhos para "ver e ouvir estrelas",
embora nem sempre consiga entendê-las;
A ver o encanto do pôr-do-sol;
A sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser;
A abrir minhas janelas para o amor;
A não temer o futuro;
Me ensinou e está me ensinando a aproveitar o presente,
como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que eu mesmo tenha que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Amor pra recomeçar ... Desejo de Natal !!!

 
 
                 
 Oi Gente!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Hoje é a noite de Natal e do meu jeitinho
   singelo desejo Amor pra Recomeçar ...

Amor Pra Recomeçar
Eu te desejo
Não parar tão cedo
Pois toda idade tem
Prazer e medo...
E com os que erram
Feio e bastante
Que você consiga
Ser tolerante...
Quando você ficar triste
Que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
Que rir é bom
Mas que rir de tudo
É desespero...
Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar...
Eu te desejo muitos amigos
Mas que em um
Você possa confiar
E que tenha até
Inimigos
Prá você não deixar
De duvidar...
Quando você ficar triste
Que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
Que rir é bom
Mas que rir de tudo
É desespero...
Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar...
Eu desejo!
Que você ganhe dinheiro
Pois é preciso
Viver também
E que você diga a ele
Pelo menos uma vez
Quem é mesmo
O dono de quem...
Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar...
Eu desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar
Prá recomeçar...

domingo, 23 de dezembro de 2012

PLANTAS TÓXICAS PARA GATOS

Ainda não contei para vocês que sou apaixonada por bichos!!!!!

 
Tenho um gatinho que se chama Chiquinho em homenagem a São Francisco de Assis. Olha ele aí embaixo:
 
 
Então, de vez em quando postarei também coisinhas sobre os animais ...
 
Esse post quem escreveu foi Leide ... Lembram dela, né?!
Ela também tem três gatinhos e nos preocupamos bastante com a saúde deles ...
 
Achei importantíssimo compartilhar no FUXICANDO COM MILLA.
Afinal, nossos bichanos são bem importantes nas nossas VIDAS!!! 


Se você tem gatos, melhor não ter em casa esse tipo de vegetação.


"Eu sou gateira e tento ter a responsabilidade necessária para merecer o carinho que recebo dos meus gatos. No momento tenho Jorge Washigton, esse negão lindo da foto abaixo, adotado aos 10 meses, no dia 25 de novembro de 2012."


"E, mais recentemente, encontramos Marie Madeleine e Jéssica Victória, duas bebezinhas (que podem até nem ser meninas, não dá pra saber ainda) e estamos todos convivendo muito bem.
Ah, o gatão adorou os bebês e tem cuidado com um irmão mais velho (meio desajeitado...)".



E vocês, alguém aí tem gatinhos e histórias para contar??
Partilhe conosco e publicaremos aqui.