domingo, 31 de março de 2013

Feliz Páscoa com Fuxicos Coloridos

Oiê ...

Hoje mais do que nunca o Fuxicando se sente contemplado com o colorido dos Ovos de Páscoa ...
A todos uma Feliz Páscoa !!!




sábado, 30 de março de 2013

O Forró de Paulinho Boca de Cantor

Oiê ...

Semana passada fui com uns amigos para o Forró do Boca ...
Chegando o São João indico o CD a quem quiser escutar boa música pois vale muito à pena ...

"Forró do Boca, música brasileira de qualidade e bom gosto, aliada a alegria e o alto astral desse artista conhecido e respeitado em todo Brasil pela excelência do seu trabalho." 
http://www.paulinhobocadecantor.com.br/projetos.htm


A festa foi engraçadíssima pois, me senti num baile da terceira idade ... a democracia da alegria ali estava sendo respeitada onde mulheres e homens de meia idade se divertiram lembrando do tempo nos novos baianos ... demos muita risada, dançamos e o que vale da vida é a amizade!!!!



sexta-feira, 29 de março de 2013

Curiosidade sobre a Sexta Feira Santa

Oiê ...
 

Estive pensando sobre as datas do calendário ocidental e percebo que as mesmas se baseiam de maneira geral na tradição judaico cristã.

De religião ecumênica - se assim posso me definir - acredito num "ser" superior e não me prendo em dogmas rígidos ... A cada data busco dar conta da minha curiosidade e hoje trago um pouco sobre a Sexta Feira Santa.

A Sexta-feira Santa é um feriado móvel que serve de referência para outras datas. É calculado como sendo a primeira Sexta-feira após a primeira lua cheia após o equinócio de outono no hemisfério sul ou o equinócio de primavera no hemisfério norte, podendo ocorrer entre 20 de março e 23 de abril.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Fuxicando sobre Psicologia Organizacional

Oiê ...



Envolvida com o Projeto Integrador dos meus queridos alunos estive pesquisando um pouco mais sobre RESPONSABILIDADE SOCIAL e encontrei um texto bem interessante.

Adentrar a área organizacional é um cambiar de conhecimento entre questões de ordem administrativa, psicológica, humana, social dentre tantas outras.

Fica a dica!!!!




A importância da Responsabilidade Social Corporativa como fator de diferenciação.
Silvio Luiz Tadeu Bertoncello e João Chang Júnior

A responsabilidade social das empresas é um tema atual e, nos últimos anos, vem sendo consolidada à crença que as empresas devem assumir um papel mais amplo perante a sociedade que não somente o de maximização de lucro e criação de riqueza. 

Como veremos nesse artigo, o crescente aumento da complexidade dos negócios, o avanço de novas tecnologias, o incremento da produtividade levou a um aumento significativo da competitividade entre as empresas e, desta forma, elas tendem a investir mais em processos de gestão de forma a obter diferenciais competitivos. Para as empresas, a responsabilidade social pode ser vista como uma estratégia a mais para manter ou aumentar sua rentabilidade e potencializar o seu desenvolvimento. Isto é explicado ao se constatar maior conscientização do consumidor o qual procura por produtos e práticas que gerem melhoria para o meio ambiente e a comunidade. 

Já que a responsabilidade social corporativa tem se apresentado como um tema cada vez mais importante no comportamento das organizações e tem exercido impactos nos objetivos e nas estratégias das empresas, este artigo tem como proposta apresentar um ensaio teórico sobre o entendimento da Responsabilidade Social e se esta prática pode trazer benefícios de diferenciação



quarta-feira, 27 de março de 2013

Que porta desejo abrir?

Oiê ...



Tenho estado nos últimos dias muito pensativa sobre a vida.
Me deparei com um texto de Içami Tiba sobre "abrir portas" e acho interessante compartilhar.

Se você abre uma porta, você pode ou não entrar em uma nova sala. Você pode não entrar e ficar observando a vida. Mas se você vence a dúvida, o temor, e entra, dá um grande passo: nesta sala vive-se ! Mas, também, tem um preço... São inúmeras outras portas que você descobre. Às vezes curte-se mil e uma. O grande segredo é saber quando e qual porta deve ser aberta. A vida não é rigorosa, ela propicia erros e acertos. Os erros podem ser transformados em acertos quando com eles se aprende. Não existe a segurança do acerto eterno. A vida é generosa, a cada sala que se vive, descobre-se tantas outras portas. E a vida enriquece quem se arrisca a abrir novas portas. Ela privilegia quem descobre seus segredos e generosamente oferece afortunadas portas. Mas a vida também pode ser dura e severa. Se você não ultrapassar a porta, terá sempre a mesma porta pela frente. É a repetição perante a criação, é a monotonia monocromática perante a multiplicidade das cores, é a estagnação da vida... Para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes passagens!

Içami Tiba

Estas portas podem ser dos mais diversos tipos. Se pensarmos na Psicanálise quando nos arvoramos em falar estamos abrindo a porta da nossa vida e por vezes uma fresta da porta do inconsciente. Se penso na Educação abrimos a porta da aprendizagem, ao sair de um ponto passando a outro, através do aprender.

As portas são uma excelente metáfora para mudança ... quando passamos por uma temos o prazer em ver o novo ou mesmo o velho com outros olhos ... ou ainda podemos ficar fixados no que sempre existiu por trás da porta!!!!

Façam as suas escolhas ...

sábado, 23 de março de 2013

Escadas de Escher e minha incompletude



                                                Escher

Oiê ...

Onde começa e onde termina o meu espaço enquanto sujeito?
Até onde posso ir ... fiquei a pensar quando me deparei com a imagem de Escher ...


A contemporaneidade me faz falar eufemismos ... o politicamente correto me faz sair do discurso livre para abolir do meu léxico palavras proibidas ... sou eu ou sou o outro ... até onde posso ir???

Tornar a minha fala engessada num discurso correto aos olhos de quem????

Esta é a minha incompletude!!!!!

sexta-feira, 22 de março de 2013

Tente outra vez ... Raulzito



Este foi um pôr do sol lindo que pude compartilhar em Fevereiro de 2012 lá no Uruguai ... Hoje amanheci pensativa sobre a vida e de fato me lembrei deste dia ... Pode parecer foto de fotógrafos renomados mas foi tirado com uma câmera mais que normal, por uma pessoa mais que normal ... :)

Neste pensar olhando o pôr do sol, nesta saudade da viagem lembro a música de Raul que diz "Tente outra vez..."

Escutá-la hoje num programa matutino da televisão me faz redimensionar sobre puxadas de tapete de pessoas "amigas", me faz pensar no redimensionar de relações de trabalho e também de vida pessoal ...

Como no Fuxicando também há espaço para vida pessoal hoje compartilho das minhas angústias dizendo que é necessário tentar outra vez sempre ...

Milla


              Tente Outra Vez

          Raul Seixas

Veja!
Não diga que a canção
Está perdida
Tenha fé em Deus
Tenha fé na vida
Tente outra vez!...

Beba! (Beba!)
Pois a água viva
Ainda tá na fonte
(Tente outra vez!)
Você tem dois pés
Para cruzar a ponte
Nada acabou!
Não! Não! Não!...

Oh! Oh! Oh! Oh!
Tente!
Levante sua mão sedenta
E recomece a andar
Não pense
Que a cabeça agüenta
Se você parar
Não! Não! Não!
Não! Não! Não!...

Há uma voz que canta
Uma voz que dança
Uma voz que gira
(Gira!)
Bailando no ar
Uh! Uh! Uh!...

Queira! (Queira!)
Basta ser sincero
E desejar profundo
Você será capaz
De sacudir o mundo
Vai!
Tente outra vez!
Humrum!...

Tente! (Tente!)
E não diga
Que a vitória está perdida
Se é de batalhas
Que se vive a vida
Han!
Tente outra vez!..

quinta-feira, 21 de março de 2013

Responsabilidade Social - Projeto Integrador

Oiê ....





Mais uma vez o post do dia diz respeito ao "Fuxicando sobre Psicologia Organizacional"....
Meus lindos alunos irão desenvolver um Projeto Integrador este semestre que contempla o tema RESPONSABILIDADE SOCIAL ...
Assim, abaixo segue uma pequena descrição do que seria isso ...

Meninos e Meninas, mão na massa!!!!!


RESPONSABILIDADE SOCIAL


Os primeiros estudos que tratam da responsabilidade social tiveram início nos Estados Unidos, na década de 50, e na Europa, nos anos 60 (BICALHO, 2003). As primeiras manifestações sobre este tema surgiram, no início do século, em trabalhos de Charles Eliot (1906), Arthur Hakley (1907) e John Clarck (1916). No entanto, tais manifestações não receberam apoio, pois foram consideradas de cunho socialista. Foi somente em 1953, nos Estados Unidos, com o livro Social Responsabilities of the Businessman, de Howard Bowen, que o tema recebeu atenção e ganhou espaço. Na década de 70, surgiram associações de profissionais interessados em estudar o tema: American Accouting Association e American Institute of Certified Public Accountants. É a partir daí que a responsabilidade social deixa de ser uma simples curiosidade e se transforma num novo campo de estudo. A responsabilidade social revela-se então um fator decisivo para o desenvolvimento e crescimento das empresas.
Segundo o Livro Verde da Comissão Europeia (2001), a responsabilidade social é um conceito segundo o qual, as empresas decidem, numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo. Com base nesse pressuposto, a gestão das empresas não pode, e/ou não deve, ser norteada apenas para o cumprimento de interesses dos proprietários das mesmas, mas também pelos de outros detentores de interesses como, por exemplo, os trabalhadores, as comunidades locais, os clientes, os fornecedores, as autoridades públicas, os concorrentes e a sociedade em geral. Afirma Carlos Cabral-Cardoso (2002) que o conceito de responsabilidade social deve ser entendido a dois níveis. O nível interno relaciona-se com os trabalhadores e, mais genericamente, a todas as partes interessadas afetadas pela empresa e que, por seu turno, podem influenciar no alcance de seus resultados. O nível externo tem em conta as conseqüências das ações de uma organização sobre os seus componentes externos, nomeadamente, o ambiente, os seus parceiros de negócio e meio envolvente. Fatores que originaram o conceito a RSE São diversos os fatores que deram origem à necessidade de se observar uma responsabilidade acrescida das organizações. Num contexto da globalização e de mutação industrial em larga escala, emergiram novas preocupações e expectativas dos cidadãos, dos consumidores, das autoridades públicas e dos investidores. Os indivíduos e as instituições, como consumidores e/ou como investidores, adotam, progressivamente critérios sociais nas suas decisões (ex: os consumidores recorrem aos rótulos sociais e ecológicos para tomarem decisões de compra de produtos). Os danos causados ao ambiente pelas atividades econômicas, (ex: marés negras, fugas radioativas) tem gerado preocupações crescentes entre os cidadãos e diversas entidades coletivas, pressionando as empresas para a observância de requisitos ambientais e exigindo a entidades reguladoras, legislativas e governamentais a produção de quadros legais apropriados e a vigilância da sua aplicação. Os meios de comunicação social e as modernas tecnologias da informação e da comunicação têm sujeitado a atividade empresarial e econômica a uma maior transparência. Daqui tem resultado um conhecimento mais rápido e mais profundo das ações empresariais – tanto as socialmente irresponsáveis (nefastas) como as que representam bons exemplos (e que, por isso, são passíveis de imitação) – com consequências notáveis na reputação e na imagem das empresas.
Responsabilidade Social diz respeito ao cumprimento dos deveres e obrigações dos indivíduos e empresas para com a sociedade em geral.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Responsabilidade_social

terça-feira, 19 de março de 2013

Fuxicando sobre educação e seus babadinhos

Oiê ...

Diante de uma proposta de Palestra que recebi hoje fiquei pensando sobre a Educação na interface com a Inclusão Escolar ...

Venho sempre sendo abordada do "como" fazer a inclusão e pensando sobre tal palava me pergunto: como do verbo comer - fago-citar - ou como advérbio referente a de que maneira????? Pois é, estas duas perspectivas me vem à cabeça pois no momento que estamos na educação por vezes vejo pais, professores e alunos todos sem saber o que é certo ou errado ...

O politicamente correto vem nas palavras mais adequadas, nos eufemismos mas o cerne do problema foge ao foco ... o que fazer em sala de aula com alunos que tem algum tipo de comprometimento especialmente mental/cognitivo?

O que eu acredito é na saída do foco da aprendizagem "como" apenas a relação lecto-escrita. Penso aprendizagem de modo mais amplo "como" sendo relação entre aprender algo que não estava apreendido ... Para alguns aprender será senta-se na rodinha e escutar histórias já que antes a hipercinesia não permitia este espaço de tempo de concentração, para outros será a pronuncias das primeiras frases e da sistematização da linguagem falada ... terão ainda aqueles que aprendizagem será o convívio no grupo, o respeito ao outro, o desfraldar tardio ...

O que realmente me importa é que possamos ver o crescimento e a mudança sem colocar apenas a leitura e escrita "como" sendo os resultados únicos da aprendizagem ... certamente existirão aqueles sujeitos bastante comprometidos que quanto aprendizagem darão apenas um sorriso :) e isso para eles será uma enorme evolução .... Assim não comamos ou fagocitemos o desejo, pois o final do comer é o cocô, é o excremento que se torna o nada nos esgotos subterrâneos ... Não importa o COMO faça, mude, acredite, haja ...

                                                    Vamos rever nossos (pré)conceitos!!!!

Milla

segunda-feira, 18 de março de 2013

Ateliê: “Transformando os Ambientes para a Aprendizagem”


ENCONTRO DE FORMAÇÃO COM ATELIERISTA COLOMBIANO ACONTECE EM SALVADOR



Nos dias 05 e 06 de abril acontecerá na cidade de Salvador (BA) o Encontro de Formação “Transformando os Ambientes para a Aprendizagem”, tendo como educador responsável o atelierista colombiano Juan Melo. A forma como os ambientes são organizados para gerar aprendizagens é o tema central que será abordado nesta formação. Pensar e organizar o espaço-ambiente apoia a criança para que ela revele o seu potencial criativo na sua descoberta do mundo e nas relações estabelecidas através das experiências compartilhadas.

Na abordagem de Reggio Emilia, os ambientes das escolas são pensados para gerar situações que instiguem a curiosidade infantil e fomentem a pesquisa de todos os sujeitos envolvidos na compreensão dos processos de aprendizagem.  Os ambientes estão organizados por áreas e/ou estações que aguçam a curiosidade e mobilizam a criança para expressar o seu pensamento de forma autônoma. A forma como os ambientes são organizados no espaço e as escolhas dos materiais que o compõem revelam a concepção e crença pedagógica e por isso é marcado por uma intencionalidade educativa.

Informações e inscrições: contato@consultoriaesse.com.br
Data: 05 e 06/abril (sexta e sábado)
Horários: 17h às 21h / 8h30min às 17h30min
Local: Escola Casa da Infância (Itaigara) – Salvador (BA)
Investimento: 2x R$110,00

sexta-feira, 15 de março de 2013

Fórum de Medicalização da Educação





O Núcleo Bahia do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade vem, pelo presente, convidá-lo para participar da primeira reunião do Núcleo no ano de 2013.

DATA: 16 de março de 2013 (sábado)
LOCAL: PAC (Pavilhão de Aulas do Canela) - perto da sala do Cinema-UFBA, ao lado Faculdade de Educação da UFBA (FACED), à avenida Reitor Miguel Calmon, s/n, Vale do Canela, Salvador-BA.
HORÀRIO: 8:30h

PAUTA

           “Material didático pedagógico Alfa e Beto: por que não?”  

Concepções sobre linguagem e educação.
Relação entre a proposta do Instituto Alfa e Beto e a Medicalização da educação.

Debatedoras:
Maria Thereza Oliva Marcílio (AVANTE)
Elaine Cristina de Oliveira (ICS/UFBA – Curso Fonoaudiologia)

quinta-feira, 14 de março de 2013

Psicanálise e Organização

Oiê ...



Conforme venho falando nos últimos posts a quinta do Fuxicando será destinada para a Psicologia Organizacional ... 

Na minhas andanças tenho achado muito interessante que a Psicanálise também está se colocando nas organizações na perspectiva de compreensão deste espaço através de uma leitura singular. Não se trata da Psicanálise enquanto clínica mas dos uso de alguns construtos base como escuta.

Na leitura do texto Algumas contribuições teóricas do referencial psicanalítico para as pesquisas sobre organizações de Ana Magnólia Bezerra Mendes (Universidade de Brasília) tudo isso fica explicitado quando a autora diz: 

"Do ponto de vista epistemológico, tomar de empréstimo da Psicanálise alguns conceitos para entender a dinâmica organizacional significa enfocar os processos intrapsíquicos e o inconsciente como fundamentais na determinação dessa dinâmica, que envolve relações simbólicas indivíduo-organização."

Assim, convido vocês para alinhavar mais fuxicos sobre esta interface Psicanálise e Organizações.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Habemus Papam

Oiê ...

Hoje o mundo parou por uns minutos para ver quem é o novo Papa. Independente de fé este é um momento de cultura.

Como o novo Papa tem um nome do qual tenho enorme simpatia por conta de Francisco de Assis mostro abaixo o meu Francisco em homenagem a este momento ...



Aqui em casa agora temos um amiguinho mais que especial o meu "Papa Chiquinho" ...

Exame gratuito - Parceria do Ins. de Olhos Freitas


Oiê ...

Sou cliente faz muito tempo do Instituto de Olhos Freitas e divulgo aqui um iniciativa louvável ...

Milla



terça-feira, 12 de março de 2013

Fuxicando sobre a Qualificação de Ana Rita

Oiê ...


               Além de ser o Dia Internacional das Mulheres foi um dia mais que especial por ter sido 
                                               convocada para este momento singular ...

        Conforme já dito nos adendos deste blog gostaria de ressaltar que todo escrito aqui postado esta 
                            destituído de submeter-se às instâncias acadêmicas, religiosas e partidárias ...

Importante referir que neste escrito coloco somente a minha impressão dos fatos, falas e momentos ... 

                                                                              ---- X----

Hoje queria falar um pouco da experiência extrassensorial que tive na última sexta feira, dia 08 de Março quando participei da Banca de Qualificação do Doutorado da minha amiga Ana Rita. 

O meu papel na realidade era de "escriba" na tentativa de registro das observações mas meu povooooooooo acho que tive um das aulas mais belas da minha vida!!!!!!!!!!!! Escutar Profº Dante Galeffi, Profº Manoel Carlos e Profº Alex Sandro me deixou surtadaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa ..... Como pode caber tanta coisa naqueles cabeções .........

Ana trabalha na sua tese com a perspectiva do corpo e da educação. Nesta interface ela usa Foucault, Deleuze e outros grandes numa articulação poética, metafórica, rizomática e dura. Tece alinhavos nas palavras, cita exemplos da sua trajetória e acima de tudo encanta .... Diante das suas letras os mestres rederam loas e a mim, só restou me orgulhar de estar presente respirando sabedoria, escutando sabedoria, bebendo sabedoria e quem sabe introjetando um pouquinho deste conhecimento ...

Inicialmente o Profº Manoel Carlos pontuou sobre um percurso de formação poucas vezes visto academia ... na forma e na estrutura trazida por Rita, ele refere ver "curvas de um feminino que escorrega e escorre nas dobras do textos"  ... Ainda nas suas palavras o texto "não pode ser analisado no império do significado e do significante, trata-se de uma questão semiótica" ... Continua sua análise com indicação de outras leituras, perguntou para onde mais iriam estas páginas, pontuou que no nosso novo acordo ortográfico História e Estória agora são grafadas HISTÓRIA e marca que não mais falamos de uma mentira ou uma verdade que antes eram diferidas na grafia ... agora brincamos com a história que refere sobre as antigas histórias e as contações de 'estórias' ... Conclui sua fala: 

"Não deve o leitor ser avisado para não diminuir-lhe a experiência. Fazer cortes é aleijá-lo das suas qualidades aquilo que não cabe na sua institucionalização"
                                                                    Profº Manoel Carlos



A palavra circula e então o Profº Doutor, Mestre, Soberano, Cabeção e Sabe Tudo Dante Galeffi inicia as suas pontuações dizendo ser o texto de Ana "um texto com circularidade que vai para outros lugares e não se fecha" ... O Grande Mestre marca ainda das nas suas interlocuções sobre os devires minoritários, sobre a educação homogênea, sobre a educação desobediente ... Confesso que nessa hora só escutei e me senti um átomo de tão ínfima a minha compreensão ... Sabe aquela coisa: um dia chego lá!!!! Foi a sensação ... E ele termina sua fala:

"Considero seu texto uma dádiva" 
Profº Doutor, Mestre, Soberano, Cabeção e Sabe Tudo Dante Galeffi

Obs: Fiquei tão tímida que não consegui expressar a minha admiração por ele ... Para mim ele "é o cara" ....




Continuando com as contribuições Profº Alex Sandro inicia marcando sobre a forma singular que o texto se apresenta, refere sobre a temporalidade extensiva, marca que Ana segue o próprio caminho com sua experiência e sem se perder ... Continua suas intervenções dizendo que ela não se deixa dominar pelos autores e não se subordina as ideias deles ... Traz Espinoza, Deleuze e Nietzsche para a mesa ...
Por fim, conclui sua fala:

"A obra esta pronta, precisa colocar na moldura"
Profº Alex Sandro

As outras coisas da banca de qualificação considero apenas como pinduricalhos acadêmicos apenas para cumprir tabela ...

Depois de tudo isso eu estava com uma baita dor de cabeça!!!! Acho que os neurônios nunca trabalharam tanto fazendo sinapses e buscando articular as falas, as colocações, pensamentos - de fato - de alta compreensão ...

Cheguei a conclusão que somente essa mulher, cabeção, especial e minha amiga seria capaz de colocar numa mesa redonda um grupo de experts desse top que tratou seu escrito de modo cuidadoso e que somente fez cortes às poucas arestas fora do lugar ... Agora amiga é brindar!!!!

Que venha a defesa do doutorado!!!!


Milla

segunda-feira, 11 de março de 2013

Permissão para ser INfeliz


Oiê ...

Recebi da minha AMIGA Simonika o link da reportagem da Revista Época de autoria de Eliane Brum que trata sobre como na contemporaneidade as pessoas estão lidando com os sentimentos (des)prazerosos. Achei muito pertinente colocar aqui no Fuxicando pois de fato no consultório a maior queixa hoje é sobre "ser infeliz" e a grande busca é pela "felicidade".

Recebo pessoas que tem medo de não serem felizes ... como assim????!!!! A tal felicidade está em mim, existe, está no outro ou em algum lugar do cosmos????????

Pois que o escrito abaixo revela traços deste Mal-estar na contemporaneidade!!!!

Permissão para ser INfeliz

A psicóloga Rita de Cássia de Araújo Almeida conta como a demanda por felicidade vem crescendo nos serviços de saúde mental da rede pública


Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista (Foto: ÉPOCA)

Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem.

Há alguns anos me pergunto se o “direito à felicidade”, que se tornou uma crença partilhada tanto por religiosos quanto por ateus na nossa época, tem sido causa de considerável sofrimento. Se você acredita que tem direito à felicidade, de preferência todo o tempo, ao sentir frustração, tristeza, angústia, decepção, medo e ansiedade, só pode olhar para esses sentimentos como se fossem uma anomalia. Ou seja: eles não lhe pertencem, estão onde não deveriam estar, precisam ser combatidos e eliminados. O que sempre pertenceu à condição humana passa a ser uma doença – e como doença deve ser tratado, em geral com medicamentos. Deixamos de interrogar os porquês e passamos a calar algo que, ao ser visto como patologia, deve ser “curado”, porque não faz parte de nós. É um tanto fascinante os caminhos pelos quais a felicidade vai deixando o plano das aspirações abstratas, da letra dos poetas, para ser tratada em consultório médico. E, ainda mais recentemente, como objeto do Direito e da Lei, inclusive com proposta de emenda constitucional.    

Quem acompanha esta coluna sabe que a felicidade tem sido um tema assíduo. Acredito que poucos fenômenos são tão reveladores sobre a forma como olhamos para a condição humana em nosso tempo como o “direito à felicidade”. Sem esquecer que este tema está relacionado a outros dois fenômenos atuais: a medicalização da vida e a judicialização dos sentimentos. Ou, dito de outro modo: tratar o que é do humano como patologia e dar aos juízes a arbitragem dos afetos. 

É importante – sempre é – ressaltar que obviamente existem doenças mentais e situações nas quais o uso de medicamentos é necessário e benéfico, desde que com acompanhamento rigoroso. O que se questiona aqui são os casos – infelizmente frequentes – de leviandade nos diagnósticos psiquiátricos e o consequente abuso no uso de medicamentos, que tem criado uma multidão de dependentes de drogas legais, cujas consequências só serão conhecidas nas próximas décadas. É íntima a relação deste fenômeno com a crença da felicidade que assinala nosso tempo. 
Desta vez, convidei a psicóloga e psicanalista Rita de Cássia de Araújo Almeida para falar sobre um recorte muito significativo: a crescente demanda por felicidade no SUS. No texto de final de ano em seu blog, ela abordava a “ditadura da felicidade” do ponto de vista de sua experiência como trabalhadora da rede pública de saúde mental. Rita, 43 anos, é formada em psicologia pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com mestrado em educação. Há 10 anos ela atua como psicóloga em CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), serviços estratégicos na área da saúde mental. Atualmente, Rita trabalha no CAPS Leste, de Juiz de Fora, e coordena o CAPS Casa Aberta, no município de Lima Duarte, ambos no interior de Minas Gerais. 
Nesta entrevista, ela toca em pontos importantes: o aumento do sofrimento causado pelo imperativo da felicidade; a crescente demanda por um diagnóstico de transtorno mental, com a consequente receita de medicamentos; a transformação de momentos como luto, desilusão amorosa e rebeldia juvenil em doença; a dificuldade cada vez maior de compreender que sentimentos como tristeza, angústia, frustração, ansiedade e medo dizem algo importante sobre a vida, que deve ser escutado e não calado. Assim como a insônia e a falta de apetite nem sempre significam doença, mas um aviso de que é preciso reformular algo no cotidiano. 
Nos últimos anos, Rita e seus colegas perceberam que tinham uma nova função ao acolher as pessoas que os procuravam na rede pública: autorizá-las a serem infelizes. Isso deve dizer algo sobre todos nós – e sobre nosso mundo.  

Você atua na rede pública de saúde, escutando pessoas que relatam dores psíquicas. Em seu texto de despedida de 2012, no seu blog, você escreveu sobre a “ditadura da felicidade”, apontando a diferença de queixa das pessoas nos serviços de saúde mental nesta última década. Afirmou que hoje o pedido é por “felicidade” – ou, dito de outro modo, teria se tornado impossível para as pessoas sentirem-se “infelizes” ou conviver com alguém “infeliz”. Como é isso?  
Rita de Cássia de Araújo Almeida – Atuo na saúde pública, em serviços do tipo CAPS (saúde mental) há 15 anos, sendo 10 deles como psicóloga. E, sim, tenho percebido uma mudança na maneira como as pessoas entendem a felicidade. Num passado não muito distante a felicidade era um bem a ser conquistado, quase uma utopia. Hoje, as pessoas se sentem na obrigação de serem felizes. A psicanálise entende a nossa época como a “era do direito ao gozo”. Ou seja: hoje, todos têm o direito de gozar plenamente, sem restrições. Nesse caso, a felicidade deixou de ser uma contingência, um evento, e passou a ser um direito que supostamente deveria ser garantido. Vivemos sob a ditadura da felicidade, e, por isso, grande parte das pessoas tem dificuldade de passar por momentos de infelicidade, de frustração e de perdas com naturalidade, entendendo isso como parte da existência. 

O que você está dizendo é que o imperativo da felicidade, a obrigação de ser feliz, está provocando sofrimento?
Rita – Percebo que as pessoas, além de sofrer pelo motivo que as levou a procurar ajuda, sofrem ainda mais pela angústia de ter que se livrar daquele sofrimento rapidamente, a qualquer custo. Não compreendem que aquilo que sentem pode ter um significado e um motivo que precisam ser escutados, pela própria pessoa. Também sentem muita necessidade de dar um nome para o que sentem. Querem logo receber um diagnóstico.

Tenho alguns exemplos que, imagino, não fogem muito à realidade de outros colegas trabalhadores da área. Um deles é quando alguém perde um ente querido e a própria pessoa – ou alguém da família, ou até mesmo outro profissional de saúde – solicita atendimento especializado pelo fato de ele ou ela estar sofrendo ou chorando muito. Enterram o pai num dia e querem estar prontos para ir ao cinema no fim de semana seguinte. Temos também adolescentes encaminhadas à psiquiatria por estarem em conflito com o namorado, assim como crianças indicadas por apresentarem problemas de comportamento e dificuldades de aprendizagem.
Para os que não estão familiarizados com o fluxo de funcionamento da atenção à saúde do SUS, precisamos abrir um parêntese para que entendam o exemplo que vou dar a seguir. O sistema funciona, ou pelo menos deveria funcionar, em rede. A atenção primária – o posto de saúde, unidade de saúde ou estratégia de saúde da família – é a extremidade da rede mais próxima do usuário. Portanto, é a primeira que ele procura quando apresenta qualquer problema. O desafio da atenção primária é não trabalhar em cima das especialidades médicas, mas intervir na pessoa como um todo, tendo como diretriz a promoção e a prevenção da saúde. Entretanto, a atenção primária pode, em casos mais específicos, nos quais a intervenção do chamado especialista seja imprescindível, acionar outros parceiros da rede que possam oferecer suporte. Os CAPS, modalidade de serviço que trabalho, oferecem uma escuta especializada no campo da saúde mental.

Certa vez, recebemos em acolhimento uma mulher, encaminhada por um profissional da atenção primária do nosso território de atuação. Segundo ele, esta mulher apresentava um quadro de insônia e delírio persecutório. Numa escuta mais cuidadosa, soubemos que ela, na verdade, estava insone por medo do marido, que ameaçava jogar água fervente em seu ouvido enquanto ela dormia. Portanto, uma ameaça real – e não um delírio de perseguição. Quando ela me disse que precisava de uma consulta com um psiquiatra para que ele lhe desse um remédio pra dormir, tive de perguntar a ela: “Um remédio? Para quê? Para a senhora acordar com o ouvido queimado?”. Parece óbvio, mas ela não se dava conta de que não dormir, no seu caso, era um sinal de saúde, era uma forma de se proteger (do marido violento) – e não uma doença. Tivemos de autorizá-la a estar com insônia e, obviamente, auxiliá-la a tomar outras providências mais adequadas à situação.

O que essa queixa de “infelicidade” diz da nossa época? O que ela oculta? O que revela?
Rita – Na verdade, o que causa infelicidade às pessoas não mudou muito. Sofremos, em geral, pelo mesmo motivo apontado por Freud há quase 100 anos. Sofremos, na imensa maioria das vezes, do mal-estar resultante das nossas relações com os outros. Entretanto, percebo que mudou muito a forma como as pessoas lidam com esse mal-estar, com sua infelicidade cotidiana. Num passado não muito distante o profissional da saúde mental era, em geral, procurado para ajudar a pessoa a compreender seus mal-estares, decifrá-los. Hoje, um número cada vez mais crescente de pessoas nos procura com um único objetivo: se livrar dos mal-estares. Não querem saber nada sobre seus sofrimentos ou sobre sua infelicidade, não desejam decifrá-los ou interrogá-los. Querem apenas que o sofrimento e a infelicidade silenciem, e ainda demandam de nós uma resposta rápida, eficaz e, especialmente, que não lhe exija muito esforço. Estamos nos tornando uma geração de humanos que temem sua própria humanidade. Vivemos numa sociedade que pretende negar e rejeitar toda espécie de tragicidade que a condição humana carrega consigo.

O que perdemos quando paramos de nos interrogar sobre nosso mal-estar com o mundo? Ou sobre nossos conflitos, nossas angústias e ansiedades?
Rita – Para a psicanálise, nossos mal-estares são oportunidades que temos para reconduzir e aperfeiçoar nosso processo de subjetivação, de construção de nós mesmos, processo este que nunca cessa. São esses mal-estares que nos fazem repensar nossos valores, objetivos, nosso modo de ser e nossas relações. As lagartas, para se transformarem em borboletas, precisam antes passar pela fase do casulo. Se quisermos aproveitar esta metáfora para entender o processo de subjetivação humano, diríamos que somos capazes de viver esse processo de transformação um sem número de vezes. De lagarta para borboleta, de borboleta para lagarta, e assim sucessivamente. Estas transformações, por sua vez, só acontecem quando questionamos nosso modo de ser e de estar no mundo. Quando paramos de nos interrogar, perdemos a oportunidade de passar por essas transformações, ficando paralisados, fixados em uma só condição: ou lagarta, ou borboleta. E é muito melhor quando podemos aproveitar todas as possibilidades de estar nesse mundo.

Por que você acredita que paramos de nos interrogar? O que aconteceu? O que mudou?
Rita – A pressa talvez seja o sintoma mais evidente da nossa sociedade atual. Zygmunt Bauman (sociólogo polonês, autor de Modernidade LíquidaO Mal-Estar da Pós-Modernidade e Vida para Consumo, entre outros) descreve muito bem nosso tempo. Ele diz que vivemos sob a pressão de constantes mudanças, o que favorece uma cultura do esquecimento, em vez de uma cultura do aprendizado e da lembrança.
Como eu disse, as queixas são as mesmas de 10 anos atrás, mas hoje é cada vez mais comum que as pessoas procurem soluções fáceis e rápidas. As pessoas não têm paciência e disposição para passar por tratamentos longos, que exijam esforço e tempo. Outro dia, eu ouvi algo mais ou menos assim, num atendimento: “Olha aqui, minha filha, eu não vim aqui pra ficar de conversinha com você. Eu tenho depressão e preciso de um remédio, porque esse que eu estou tomando não está valendo nada”.

O que você diz para uma pessoa que acabou de perder alguém que amava, mas não quer viver esse luto? Ou acredita que não deveria estar sentindo essa dor, ou até que é injusto sentir essa dor?
Rita – Percebo mais como se as pessoas não se sentissem no direito de sofrer, não se sentissem autorizadas a serem infelizes, sabe? Então, é interessante que muitas vezes tenhamos de intervir de modo a autorizá-las a sofrer. Precisamos dizer a elas: “Olha, você acaba de perder sua mãe, e, se você a amava, é normal que você sofra, que não durma bem, que não queira se alimentar. Estranho seria se você quisesse ir ao cinema logo depois do enterro. Então, vá para casa, chore, sofra, viva seu luto, compartilhe-o com as pessoas que você ama e volte aqui na semana que vem para conversarmos mais”. Alguns voltarão algumas vezes e agradecerão depois por você não ter se aproveitado de sua fragilidade momentânea para rotulá-lo com um diagnóstico psiquiátrico. Alguns não voltarão porque buscarão outras soluções e modos de lidar com a perda. Uma minoria voltará muitas vezes, porque aquela perda foi realmente insuportável e quebrou a pessoa de tal maneira que a ajuda profissional será fundamental para que ela consiga seguir caminhando. E alguns outros não voltarão, porque irão procurar outro profissional que atenda o seu pedido, que lhe dê uma anestesia, uma droga qualquer que faça calar seu mal-estar. É claro que, lamentavelmente, encontrarão quem faça isso.

O tratamento, no caso, seria “autorizar” a pessoa a ser “infeliz”? Ou a sentir frustração, tristeza, desânimo, ansiedade, saudade, medo etc... ?
Rita – Sim. Para trabalharmos de forma ética, não temos de dizer apenas o que a pessoa quer ouvir, mas, sobretudo, o que ela precisa ouvir. Sendo assim, temos que, muitas vezes, desconstruir sua demanda inicial, autorizando-a a sofrer, a ficar infeliz, a perder o sono e o apetite, quando isso faz parte de um contexto normal de perda, luto, fracasso, desentendimento familiar. Até para que a pessoa possa, a partir daí, fazer perguntas sobre sua vida, suas escolhas, seu modo de ser... No caso daquela mulher que não dormia por causa do marido que a ameaçava, por exemplo, não medicá-la, não acabar com sua insônia, foi fundamental para que ela pudesse questionar seu casamento, a posição dela naquela relação, e possibilitar que ela pudesse fazer novas escolhas e buscar outros caminhos.

Você poderia dar outros exemplos concretos da experiência no consultório?
Rita – Dias atrás recebemos em acolhimento um homem de meia idade queixando-se de dificuldade para dormir e nervosismo. Ele queria a receita de um remédio que já tinha usado uma vez e que, segundo ele, foi muito bom. Ou seja, ele apresentou uma queixa e, em seguida, a solução, tudo em poucos minutos. Tentando desacelerar sua pressa, como deve ser a nossa conduta nesses casos, tratei de fazer as perguntas que ele mesmo deveria estar se fazendo naquele momento. Como estava a sua vida, a sua relação com o trabalho, com o lazer, com a família, o que o deixava nervoso, o que pensava nas noites insones... Respondendo a estas perguntas, ele confessou que, depois da morte da esposa, há alguns anos, decidiu mergulhar intensivamente no trabalho, “para não pensar”. Ele trabalha no trânsito, um local por si só muito estressante, cerca de 14 horas por dia, incluindo feriados e finais de semana, sem horário certo para comer ou dormir. Não tem lazer, mora sozinho e não conseguiu, desde a morte da esposa, se relacionar afetivamente. No decorrer da nossa conversa, ele conseguiu perceber que, com a vida que estava vivendo, era impossível que não estivesse insone e estressado. No final da consulta, estava decidido a reduzir seu tempo de trabalho, a definir horários regulares para comer e dormir, a voltar a fazer uma atividade física e a programar seu lazer. Pedi que ele nos telefonasse em um mês para dar notícias sobre as mudanças, se elas tinham produzido o efeito esperado. Minha experiência me diz que, neste caso, conseguimos produzir o efeito desejado: auxiliar a pessoa a sair de uma posição de paralisia e impotência diante de seus sintomas.

Como é o método de trabalho nos CAPS? Há uma preocupação de que as pessoas não sejam medicadas sem necessidade, quando, em muitos casos, como você conta, a demanda é por um diagnóstico de transtorno mental, com a consequente receita de pílulas? Ou, dito de outra forma, como evitar que os CAPS virem fábricas de doentes mentais e dependentes de drogas legais?
Rita – Como eu disse, o sistema público de saúde funciona em rede. Os CAPS compõem o trançado da rede que oferece uma escuta especializada no campo da saúde mental. Sendo assim, apesar de, em alguns casos, recebermos demanda espontânea, o mais comum é recebermos encaminhamentos dos demais parceiros da rede, em especial da atenção primária. Ao chegar ao CAPS, a pessoa passará por um dispositivo chamado “acolhimento”. Este é um dispositivo que deve ser utilizado por todos os CAPS, uma diretriz para o que chamamos de “porta de entrada” do serviço. Regular esta porta de entrada é fundamental para que os CAPS, como você disse, não se transformem em fábricas de doentes mentais. O acolhimento, como o próprio nome diz, é o momento em que a pessoa será acolhida em sua demanda, será escutada com cuidado, sem pressa, em uma ou mais entrevistas, por um ou mais profissionais do serviço, para que se possa construir uma estratégia de intervenção. E a intervenção pode ser, inclusive, desconstruir a demanda inicial pelo diagnóstico e pela medicação, para incluir outras demandas, nas quais a pessoa pode atuar como protagonista de sua própria história – e não como um mero usuário de drogas legais, para usar suas palavras.

O “direito à felicidade” tem sobrecarregado o sistema público de saúde? Qual é a sua experiência? É a maioria dos casos na área de saúde mental?
Rita – O Ministério da Saúde, através da Coordenação de Saúde Mental, tem passado orientações no sentido de evitar a psiquiatrização e medicalização das situações cotidianas, obviamente por entender que esse tipo de conduta é, na atualidade, uma realidade na saúde pública brasileira. A Linha Guia de Atenção em Saúde Mental de Minas Gerais – uma publicação da Secretaria Estadual de Saúde que define as diretrizes da política de saúde do estado – alerta para o problema do uso inadequado dos chamados benzodiazepínicos, comumente indicados como se fossem uma fórmula mágica para solucionar problemas pessoais e sociofamiliares. Os benzodiazepínicos – classe de medicamentos com propriedades ansiolíticas, hipnóticas, anticonvulsivantes e miorrelaxantes – estão entre os medicamentos mais prescritos no mundo e inúmeras vezes de maneira inadequada. Geralmente, segundo essa Linha Guia, são prescritos quando o médico se sente impotente diante das queixas de seus pacientes. Hoje, o uso abusivo de benzodiazepínicos pela população tornou-se um grave problema de saúde pública.

No nosso cotidiano de trabalho nos CAPS, especialmente no trabalho em parceria com a atenção primária, onde podemos fazer um diagnóstico do que leva as pessoas a procurarem tratamento em saúde mental, temos percebido um aumento na demanda por psiquiatrização e medicalização dos problemas cotidianos. O bom é que, na saúde pública, temos mais liberdade de desconstruir esse tipo de demanda: com a pessoa que nos procura, com a sua família e até com o colega profissional de saúde.
O “direito à felicidade”, na sua opinião, tem levado então a uma maior medicação das pessoas?
Rita – Sim, sem dúvida. A maioria das pessoas que nos procura quer ser medicada – diagnosticada e medicada. Querem um nome para a sua doença e uma pílula milagrosa que resolva seu mal-estar. E, quando dizemos a elas que o remédio não vai resolver seus conflitos familiares, não vai solucionar seus problemas financeiros, não vai dissolver uma culpa ou uma perda, assustam-se e ficam pensativas. Acho que as pessoas realmente acreditam que há um remédio que solucionará isso para elas. E, na verdade, elas não acreditam nisso por acaso. Elas acreditam porque há um discurso, extremamente forte e presente em nossa sociedade, alimentado principalmente pela indústria farmacêutica, que sustenta a ideia de que é possível encontrar na prateleira da farmácia um remédio para qualquer mal-estar que nos incomode. Este é um excelente exemplo, na saúde, de quando a oferta gera a demanda. Existe demanda por felicidade em pílula porque o multimilionário mercado farmacêutico oferta esse tipo de solução.  

Isso não quer dizer que os medicamentos psiquiátricos nunca devam ser usados, que são um mal em si. A crítica que se faz é à medicação excessiva e sem norteamento ético. O medicamento precisa servir para que a pessoa fale, para que ela compareça – e não para que ela se cale, se transforme numa morta-viva, num zumbi. Às vezes, a doença psíquica chega ao ponto de impedir a pessoa de ir e vir, de se comunicar, paralisando-a completamente, impedindo-a de fazer laços ou apagando a sua subjetividade. Nestes casos, o medicamento pode e deve ser usado, mas somente com o intuito de fazer com que a pessoa se movimente, fale, compareça. Resumindo: no campo da saúde mental sabemos que estamos usando o medicamento de forma correta e ética quando ele está servindo para fazer a pessoa falar – e não para fazê-la calar.
Você acredita que existe diferença na demanda nos serviços de saúde mental da rede pública e na demanda nos consultórios privados, com respeito à felicidade e à forma como as pessoas se relacionam com dores como frustração, angústia, tristeza, medo etc?
Rita – Eu sou uma entusiasta defensora do nosso sistema público de saúde – o SUS. Na minha opinião, deveríamos ir às ruas levantando bandeiras para exigir financiamento adequado e melhores condições para os seus trabalhadores. E, dentre os inúmeros motivos que me fazem defender esta proposta, vou dizer apenas um que considero fundamental. O melhor sistema de saúde privado que poderíamos conceber não é capaz de fazer uma coisa que só o SUS pode fazer: intervir sem estar submetido à lei de mercado ou à lógica do consumo. Não podemos negar que a medicalização dos nossos problemas cotidianos faz muito bem ao desenvolvimento da indústria farmacêutica – e só o SUS é capaz de manter uma distância segura dessa influência.

Além disso, no SUS, podemos com mais tranquilidade desconstruir a demanda por uma especialidade ou por uma intervenção específica, pelo próprio sistema de rede. Na rede privada ou conveniada, qualquer um de nós pode, a qualquer momento, marcar uma consulta com qualquer especialista, mesmo que não haja nenhuma indicação para tal. Só isso já aumenta muito a probabilidade de uma pessoa ser diagnosticada e medicada sem o cuidado necessário – algumas vezes por uma falta de cuidado ético do profissional, em outras vezes pela própria pressão do usuário em ser atendido no seu pedido. Especialmente porque, no setor privado, o usuário é, na verdade, um cliente. E sabemos que, na sociedade de consumo, o cliente sempre tem razão.
De certo modo, você percebe na sua prática clínica cotidiana que tudo o que é do humano virou patologia. De novo, o que isso revela? E o que isso causa?
Rita - Sim, hoje, tudo o que nos torna humanos é passível de ser diagnosticado e medicado. Acho que isso revela que nós nos tornamos uma sociedade extremante “careta”. Careta no sentido de ser capaz de interpretar todo o tipo de transgressão ou de atitude fora do padrão como um provável transtorno mental a ser diagnosticado e tratado. Ou seja: normatizado. Tenho 43 anos e três filhos, dois deles adolescentes de 17 e 15 anos. Quando eu tinha a idade deles, uma atitude qualquer que eu cometesse, fora das normas e das regras, era tratada como uma transgressão, apenas. E tínhamos certo orgulho da punição que recebíamos, já que ela era como um troféu e também uma espécie de acerto de contas, que nos autorizava a transgredir novamente. Já meus filhos não têm a mesma sorte que eu tive. Precisarão de muito cuidado para escolher seu modo de transgredir, pois, ao invés de ser entendido como um ato de rebeldia ou travessura adolescentes, pode ser interpretado através de um diagnóstico psiquiátrico, condenando-os assim a um tratamento psicológico ou medicamentoso. Acho isso uma grande caretice.

Vivi recentemente uma situação no mínimo inusitada, que retrata bem o que estou dizendo. Uma mãe nos procurou no CAPS com seu filho adolescente de 15 anos. Demandava uma avaliação psiquiátrica para ele. Nos CAPS em que trabalho, temos como protocolo que o acolhimento seja feito por outro profissional, que não o médico, exatamente para esvaziar essa demanda imediata pelo medicamento. Eu, então, fui fazer o atendimento com mãe e filho. Segundo o relato da mãe na consulta, o rapaz estava repetidamente se envolvendo em atos delinquentes. No último deles foi punido pela Justiça e condenado a uma pena alternativa, pelo fato de ser menor de idade. A mãe queria que descobríssemos qual transtorno mental seu filho tinha. Transtorno este que, supostamente, estaria fazendo com que ele tivesse aquelas atitudes. Em seguida, assisti a um bate-boca inusitado entre mãe e filho. Ela tentando me provar que ele tinha uma doença mental ou que estava sob o efeito de alguma droga, enquanto ele afirmava que seu comportamento nada tinha de patológico, já que ele tinha plena consciência de seus atos, estava no seu juízo perfeito e não cometeu os delitos sob o efeito de drogas. Enquanto a mãe queria que eu rotulasse o filho com algum diagnóstico, o filho tentava dizer a ela que infringiu a lei conscientemente e pretendia pagar pelo seu ato ilícito. Naquele momento, fiquei com muita pena daquela mãe tentando desesperadamente transformar o filho num doente mental, mas, ao mesmo tempo, também fiquei com pena daquele menino que queria apenas ser tratado como um rebelde, um fora da lei – e não como um doente. Vivemos tempos estranhos...

E por que vivemos tempos estranhos?
Rita – O estranhamento é exatamente a sensação que temos quando percebemos uma mudança que ainda não compreendemos totalmente. Acho muito estranho que alguém prefira ter um filho portador de transtorno mental a ter um filho que transgrediu a lei. Acho estranho que todas as nuances do comportamento humano sejam passíveis de serem nomeadas e medicalizadas. Ou seja: passíveis de normatização.

Como a questão do “direito à felicidade” se manifesta na relação entre pais e filhos? E qual é o papel do consumo nessa relação?
Rita – Você já trouxe alguns textos com esse tema aqui na sua coluna. Hoje, toda criança já nasce gozando do direito pleno e irrestrito à felicidade. E assim sendo, as crianças não precisam mais lutar por ela ou desejá-la. Se a felicidade é um direito, cabe a elas tão somente se queixarem ou cobrarem quando esse direito não está sendo atendido. E os pais têm sido os mais cobrados para fazer valer esse direito. Os filhos dessa geração exigem que seus pais os façam felizes, que não os frustrem e, o que é pior, vemos muitos pais completamente perdidos, acreditando que serão mesmo capazes de ofertar felicidade plena aos filhos, ou que poderão atender ao imperativo de nunca os frustrarem. Por isso os pais de hoje têm tanta dificuldade em dizer “não”.  

Vou dar um exemplo extremo desse medo dos pais. Há cerca de quatro anos, fui procurada por uma mãe em meu consultório particular, que queria atendimento para o filho. Sua queixa era a de que este filho, de 9 anos, voltara a fazer “cocô na calça”. Fiz algumas entrevistas iniciais com a mãe, para avaliar melhor a demanda, antes de pedir que ela trouxesse o menino. A mãe me explicou que o filho sujava a calça com frequência, especialmente em momentos nos quais a família estava fora de casa, em alguma atividade social – um aniversário, um passeio, um jantar. Ela contou que já estavam evitando sair de casa por causa do comportamento do filho. Perguntei, então, se ela já tinha questionado o filho sobre o motivo que o levava àquele comportamento. Essa mãe me respondeu: “Claro que não!”. Confessou-me que ela e o marido jamais falavam do assunto na presença do menino. Segundo ela, para não traumatizá-lo. Explicou que ela e o marido, nesses eventos sociais, ficavam sempre atentos e, diante de qualquer “cheiro estranho”, pegavam o filho e saíam imediatamente do local. Sem falar nada com ele sobre o episódio, levavam o menino para casa, lhe davam banho e trocavam sua roupa. Em seguida, continuavam agindo como se nada tivesse acontecido. Este é um caso extremo, mas vemos muitas outras atitudes, não tão incomuns como esta, sendo repetidas pelos pais de hoje, tudo para poupar o filho de uma possível frustração.
Temos tratado nossos filhos como se fossem peças de louça muito delicadas. Ao condená-los à felicidade ampla, geral e irrestrita, estamos produzindo uma geração de jovens extremamente frágeis e imaturos, que se quebram ao menor arranhão.
Obviamente a sociedade de consumo se aproveita muito disso. Temos filhos querelantes, que sabem como ninguém exigir seu “lugar ao sol”. Ou, adaptando o termo ao discurso capitalista, temos filhos que sabem como ninguém exigir a mercadoria que lhes convêm na prateleira. E temos pais que temem dizer “não”, pois não querem frustrar ou traumatizar seus filhos. Junta-se a isso uma sociedade que mede o grau de felicidade das pessoas pelo tanto de coisas, bens ou serviços que elas são capazes de consumir e chegamos a uma combinação perfeita. Que mais a sociedade de consumo pode querer?

O “direito à felicidade” tem permeado as relações na sociedade brasileira – assim como no Ocidente, em geral. No Brasil, inclusive, tem sido tema tanto do judiciário quanto do legislativo, até com proposta de emenda constitucional. Por mais que as intenções sejam boas e aparentemente são, a felicidade como direito fundamental é no mínimo questionável. Que tipo de consequências da suposta garantia do “direito à felicidade” já testemunhamos e quais ainda podemos esperar?
Rita – Penso que a felicidade deveria ser um tema tratado apenas pelos poetas, músicos, escritores. Trazer o tema da felicidade para o campo da razão, para o campo jurídico ou científico, é um equívoco. A felicidade é um tema subjetivo. Sempre que tentamos circunscrevê-la com algum discurso burocrático, tendemos a formatá-la num padrão ideal, num modelo que sirva para todos. E não existe um ideal de felicidade, cada um de nós irá percebê-la ao seu modo.

Além das consequências que já citamos aqui, existe uma outra, tão empobrecedora para a nossa subjetividade quanto a medicalização do sofrimento cotidiano, que é a judicialização da vida. O que também já está acontecendo com frequência.
Nossos pais não nos amaram o suficiente? Fim de um relacionamento amoroso? Traição de um amigo? Dificuldades com o chefe? Diante de alguns destes problemas, mesmo os mais corriqueiros, bastará que entremos na Justiça para cobrar uma reparação, nem que seja financeira. Ou seja, quando a felicidade for uma espécie de direito constitucional, poderemos também resolver nossas infelicidades nos tribunais. E assim seremos finalmente considerados incapazes de resolver por nós mesmos nossas frustrações e dificuldades de relacionamento.
O que você entende por felicidade?
Rita – Como disse, prefiro deixar este tema para o campo das artes. Não há como entender a felicidade com a razão, não é possível mensurá-la ou pensá-la como um modelo que valha para todos, todo o tempo. Se estamos numa relação atribulada, felicidade pode ser um momento de solidão. Se estamos solitários, felicidade pode ser receber um telefonema. Guimarães Rosa, na pele de Riobaldo, diria assim: “No sertão, até enterro simples é festa”.

A sensação de felicidade é uma experiência singular, única para cada pessoa. Acredito que o desafio atual seja pensar um projeto coletivo capaz de trazer esse tema para a pauta, mas não para o campo da lei, da burocracia, da simples garantia de direitos, ou da ciência – mas, quem sabe, para o campo da ética. No campo da ética, as pessoas podem entender que elas também têm o direito de ficarem infelizes, que infelicidade não é doença, mas parte da condição humana – e que, sem ela, perdemos metade da nossa humanidade.

Qual é a importância da infelicidade?
Rita – Acredito que, em tempos de ditadura da felicidade, respeitar e autorizar essa infelicidade nossa de cada dia é uma forma de resistência, uma espécie de libertação.

Reportagem disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/01/permissao-para-ser-infeliz.html