A ESCOLA trata-se de uma
instituição social a qual por muito tempo teve o olhar sob o sujeito aprendente
apenas sob o prisma de a-luno - aquele
que não tem luz. Este fator a fez, neste sentido, perder a oportunidade de
através das experiências de vida que eles possuíam, ter ferramentas adequadas
para mudar um sistema visto como caótico.
Em períodos mais remotos, o
que tivemos foi o julgar da capacidade cognitiva e operacional de uma pessoa
somente através da ótica da escola. De acordo, com a psicóloga e professora da
USP Maria Helena Souza Patto isso mostra-se “uma estupidez intelectual”.
Afinal, segundo Patto (1997), a vida é a vida, a escola é apenas uma situação
de vida muito restrita, “quanta gente existe que aprende a usar os jogos
de linguagem e são uns idiotas na vida...a única coisa que sabem fazer é falar,
jogar com as palavras, passar nos testes de todos os tipos e, não ser na vida
nada além de uns cogumelos ou baobás, como diria o Pequeno Príncipe” (Patto,
1997, p.198) vivendo apenas
de repetição brincando de ‘boca de forno’ durante toda sua vida.
Quando estudamos a teoria
das múltiplas inteligências podemos ampliar o nosso olhar acostumado e, ver
além do alcance. Ou seja, não basta ler-escrever-contar para ser
inteligente ... o que precisamos de fato é convergir nossas emoções, nossa
vivência e nossa cognição em prol de vivermos felizes e com bem-estar. Os processos
que acontecem na escola mostram-se importantes, mas não são únicos fatores na
vida, em especial, de crianças e adolescentes. Ensiná-las valores pró-sociais,
virtudes e forças de caráter além de perceber minunciosamente sobre as próprias
emoções e dos outros é fator também de grande valia. Posto isso, vamos atentar
para as cobranças que estamos a fazer às escolas quanto a escolarização de
nossos filhos, sobrinhos, enteados e quem mais quer que seja. À escola de hoje
não cabe mais um olhar e uma práxis medieval. Cabe sim, em colaboração com os
estudiosos da Psicologia, a proposição de um projeto pedagógico que valorize o
subjetivo, as potencialidades humanas e, também, as competências de cada um.
Com isso podemos ter sujeitos, melhor posicionados, de modo que serão bem
sucedidos como pessoa, não apenas como reprodutores de fórmulas e conteúdos
descontextualizados da vida.
PATTO, M.H.S. Introdução à psicologia escolar. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.