Para que se possa entender melhor sobre o fuxico trago um pouquinho da história dele:
O fuxico trata-se de uma técnica artesanal
que tem sua origem desconhecida. Historicamente pensa-se que a sua matéria
prima – tecidos nobres – tenha chegado ao país trazida por portugueses e
espanhóis no século XIX e, a feitura em si do fuxico é atribuída às escravas
africanas[1].
Suas manifestações
mais pertinentes podem ser encontradas nos estados da Bahia, Minas Gerais e
Pernambuco, há pelo menos 150 anos e de uma forma geral esteve associado a uma
classe social de baixa renda e ainda às comunidades rurais. Importante referir
que em certa medida o brasileiro dificilmente se deixou moldar pelos hábitos
artísticos e culturais dos seus colonizadores e essa miscigenação faz com que
se dê origem a uma das nossas maiores características: a criatividade.
O fuxico enquanto arte provém do interior da própria
cultura popular na interface da tradição portuguesa, espanhola, indígena e
africana. O mesmo é composto especialmente pela união de várias pequenas
trouxas de tecido, que normalmente são feitas com retalhos descartados após o
uso da peça principal na confecção de peças nobres. Na elaboração desta
técnica, de maneira geral, são utilizados os retalhos de tecidos, agulhas,
linhas, um molde de formato redondo e tesoura e, os pontos que vão fazendo a
união. Curioso referir que a expressão “fuxico” também diz respeito - na região
nordeste do Brasil – à conversa das mulheres que se uniam para confeccionar o
artesanato e, enquanto isso não perdiam tempo colocando as fofocas, os
cochichos e os mexericos em dia. Ou seja, realizavam seus famosos “fuxicos”.
O fuxico o qual trabalho é
aquele que diz respeito à arte, a construção, ao movimento, a diferença. Assim,
utilizo esta metáfora fazendo relação com a inibição no ato de aprender.
Inicialmente penso no fuxico enquanto arte sendo o aluno com inibição no ato de
aprender aquele retalho de pano que é subaproveitado, retirado da peça de
tecido principal e, ao causar inquietação no que diz respeito ao que fazer dele
o mesmo é entregue para que um outro
possa dar um destino àquelas tiras irregulares, fora de padrão.
Essa referência
de fuxico faz também laço com a minha história em que cada fase é representada parcialmente
por uma unidade as quais formam a colcha da minha vida. Etapas que se somam, se
enredam na medida em que as diferenças se juntam numa estampagem quase harmônica
e ao mesmo tempo multifacetada.
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