O número: mais que uma expressão gráfica
Ludmilla Lopes da Fonsêca[1]
Partindo do princípio de que o número não tem uma natureza concreta, mas
sim eminentemente abstrata, ele não existe enquanto corpo. Desta maneira
ninguém ensina a ninguém a natureza do número sendo então a matemática algo que
deve ser vivido. Assim sendo, podemos considerar que para produzir ciência
temos que estar atrelados ao fator social que pode ser linguagem.
Constance Kamii no capítulo, A natureza do número [2],
remete a Piaget para falar dos tipos de conhecimento e, os divide em
conhecimento físico, lógico matemático e social (convencional). No conhecimento
físico, por exemplo, ela enaltece o atributo de ser este um conhecimento dos
objetos da realidade externa. Nele a relação na qual o sujeito faz é individual
e, na comparação dos atributos não há certo e errado pois, é uma comparação
baseada na natureza física do objeto analisado e depende do ponto de vista
usado pelo analisador. Exemplo disso é a cor de duas bolas uma vermelha outra
azul, tais atributos estão na realidade externa deste objetos portanto são
atributos físicos.
Examinando ainda o pressuposto de que somos ‘herdeiros de uma educação
instrucionista’ frase cunhada pela professora Maria Auxiliadora Rabello [3]
percebemos que na escola a matemática é tida apenas como a matéria dos
inteligentes e desta maneira muitos dos problemas da matemática na realidade,
são problemas de linguagem de modo que, pensamento e linguagem, estão
intimamente ligados.
A linguagem da qual estamos falando não é necessariamente vocabular visto
que no vocabulário não reside o conceito este existe sim no contexto. Assim
sendo, percebemos e corroboramos o fato da importância da vivência matemática.
Para criança adquirir conhecimento lógico matemático ela deve lidar e ser capaz
de coordenar relações. Estas se fazem no dia a dia quando a criança soluciona
uma situação seja ela de ordem escolar ou apenas cotidiana.
Se, a criança tem ainda um ambiente estimulador que ao invés de dar
respostas faz com que às ache certamente que o aprendizado será mais ainda
consolidado e, vemos aí o conhecimento social posto através da mediação de outras
pessoas.
A construção do número pela criança é algo que não se dá inatamente ponto
também posto no capítulo supracitado. Deste modo, a contagem de rotina
adquirida por esta ajuda na aquisição de ritmo, ajuda a aprender a sequência
numérica fazendo com que compreenda qual número vem depois do outro mas, de
fato não é algo onde a criança compreende na relação número falado e seu simbolismo
gráfico isso se dá através do conhecimento lógico onde há apreensão do número
tanto que, percebemos no processo de escolarização, crianças contando
verbalmente mais rápido do que sua mão e, seus olhos, podem fazer relação com o
objeto. Desta maneira, o número não pode ser apenas uma expressão gráfica deve
se dar à criança condição e oportunidade de experiência-lo para transcendê-lo.
Creio neste sentido ser, possível, desejável e necessário para o
desenvolvimento da racionalidade, afetividade, autonomia, humanidade e
cidadania, que a construção do conhecimento lógico se dê adequadamente sem
claudicar visto que não só de números vive a criança mas de experiências
diárias que necessitam de um raciocínio mais articulado para que consiga lidar
de modo livre no seu pensar.
REFERÊNCIA
Kamii, Constance. A natureza do número In: A criança o número:
implicações educacionais da teoria de Piaget para atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. Trad. Reina A. de
Assis. 5ª Edição, Campinas: Papirus,1986.
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[1]Psicóloga, Psicopedagoga, Mestre em Educação e Contemporaneidade - UNEB; ludy_fonseca@yahoo.com.br
[1]Psicóloga, Psicopedagoga, Mestre em Educação e Contemporaneidade - UNEB; ludy_fonseca@yahoo.com.br
[2]
Kamii, Constance. A natureza do número In: A criança o número: implicações
educacionais da teoria de Piaget para atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. Trad. Reina A. de
Assis. 5ª Edição, Campinas:Papirus:1986
[3]
Nas aulas do curso de Especialização em Psicopedagogia da Faculdade Social
(2008.1), em Salvador-Ba.
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