quinta-feira, 28 de maio de 2020

O CORPO QUE A PSICANÁLISE LEGITIMA À EDUCAÇÃO (2012)


O CORPO QUE A PSICANÁLISE LEGITIMA À EDUCAÇÃO

                                                     La magie noire (1945) - René Magritte



UMA PRIMEIRA PINCELADA

Inicio estas letras pensando como a pintura La magie noire (1945) do artista belga René François Ghislain Magritte (1898- 1967) de fato pode - dentre outras interpretações – representar a relação entre corpo, psicanálise e educação. Artista, que tem como foco de trabalho o uso de imagens insólitas, nesta obra específicamente me faz metaforizar o corpo na representação do nu sendo isso a validação dada pela psicanálise à educação. Explico melhor: por questões históricas a escola esteve sempre ligada à igreja e aos seus dogmas, por conta disso, jamais permitia pensar o corpo despido de vestes. Por considerar o humano ‘a imagem e semelhança de Deus’ a escola tomando por base os desígnos da igreja propaga entre os alunos-fiéis a necessidade da contenção do corpo. Este corpo que trago na imagem sedutor e nu, neste sentido, apesar de ser visto como um aliado de satanás - pois, quando os prazeres carnais desafiam as normas estabelecidas pela escola é exorcizado como que estivesse entregue aos domínios do mal - é a minha metáfora referindo a possibilidade que Psicanálise propõe de sair deste lugar proíbido e maléfico passando o corpo nu a ocupar um lugar legitimado.
 Quando refiro sobre a legitimação do corpo pela psicanálise à educação, penso ainda que as nuvens que perpasam este corpo representado por Magritte podem tomar diversas formas a depender do ponto de vista e podem representar com isso as diversas possibilidades de uso do corpo à favor dos processos educacionais especialmente dos processos referentes a díade ensino-aprendizagem.
Nas últimas décadas vemos avançar discussões sobre o corpo. As mesmas tem sido alvo de debates e produções nos campos das ciências humanas e da filosofia, entretanto, no campo da educação o tema ainda mostra certa timidez de abordagem. Se pensarmos sobre os primórdios da profissão docente veremos que esta não nasce do professor como acontece em outras profissões liberais que se constituem endogenamente e lutam para se individualizar. Ela – a docência – nasce da igreja e se configura como ofício tendo na ideia de sacerdócio e aptidão o seu cerne assim, sendo considerado um movimento exógeno. Neste sentido, o olhar religioso sobre educação não permitia vislumbrar o corpo na possibilidade do mesmo ser usado a favor da aprendizagem. Ao contrário o corpo, através dos castigos físicos[1], era usado como punição a não aprendizagem ou ao possível descumprimento das regras internas da sala de aula.  Amarra-se o corpo deixando livre apenas o cérebro considerando que desta maneira se daria de fato o processo de aprendizagem.
Somente no século XIX a escola normal vai se constituir acontecendo aí o início da formalização da formação passando de certa maneira, a escola, de leiga a laica sendo convocada a afastar-se das premissas religiosas acedendo a lugar imparcial, neste sentido ficando inclusive sua organização a cargo do Estado, aí se instaurando o lugar social da escola. Ou seja, é na modernidade que nascerá no seio do movimento social o modelo de escola o qual trará à criança possibilidade outra que apenas a de “coexistência cotidiana com o mundo dos adultos” (NÓVOA, 1991, p. 110) transpondo a aprendizagem de condutas e de saberes da família e das comunidades a este novo modelo de escola que passa a tomar o corpo sob outra dimensão. Este passa a ser visto como importante ao processo de aprendizagem já que os construtos da psicomotricidade surgem para colaborar com esta articulação corpo-aprendizagem de maneira que agora há um maior entendimento do sujeito na articulação entre: aprendizagem, desejo, cognição e corpo. 
A escola do lugar de instituição social[2] passa a ter uma relação dialética com a sociedade. Este “caminho entre as ideias”[3] permite que pensemos sobre a mesma como espaço de transformação ainda que traga marcas da cultura do sistema dominante capitalista. Os avanços da ciência fizeram com que o conhecimento se torne fragmentado, paralelo a isso produziu-se também desconhecimento do humano da vida e das relações e, o reflexo disso na educação perpassa pelos sistemas competitivos e pelos saberes desconectados. Percebemos que apesar desta nova perspectiva que se coloca a relação do professor com o processo de aprendizagem do seu aluno ainda é algo permeado de inseguranças que muitas vezes refletem a sua formação.
Conforme nos traz Nóvoa (2002, p.33) “a planificação baseada em diagnósticos cada vez mais sofisticados das situações educativas assumiu-se como ponto nodal da ação pedagógica”. De modo geral a formação do professor tornou-se um campo cheio de desafios para que possa se adequar às exigências dos novos contextos contemporâneos tais quais: a globalização das economias, as novas tecnologias, os novos modos virtuais de comunicação, dentre outros e o corpo é uma temática pouco vista nos currículos, nas atividades e nas disciplinas da pedagogia.

A PINTURA DA TELA: A PSICANÁLISE LEGITIMA O CORPO À EDUCAÇÃO

“Nascendo na chamada era vitoriana, num suposto berço repressivo, a Psicanálise surge diluindo as fronteiras entre o corpo e a alma, entre o normal e o patológico, entre o esporádico e o cotidiano, entre a inocência e a perversão, tornando-se, dessa forma, um bebê escandaloso”

Maria Joana de Brito D’Elboux Couto

De modo geral podemos considerar que o corpo e os gestos são fundamentais para a formação global do ser humano. Desde que nasce, podemos perceber que a criança usa a linguagem corporal para conhecer a si mesma, para relacionar-se com seus pais, para movimentar-se e descobrir o mundo[4] o movimento constitui desta maneira a sua expressão global de necessidades. Essas descobertas feitas com o corpo deixam marcas, são aprendizados incorporados e eficazes[5], que lhe dão acesso a ordem da cultura, além de auxiliar na formação do mundo simbólico deste sujeito.
Sobre o simbólico esclareço que o termo foi utilizado em 1936 pelo Psicanalista Jacques Lacan quando tecia comentários sobre o estádio do espelho[6]. Tomado de empréstimo do psicólogo Henri Wallon (1879-1962), Lacan conceituou de fato ‘simbólico’ em 1953 quando escreveu sobre a trilogia do RSI[7] (Real, Simbólico e Imaginário). Nesta categoria Lacan introduziu uma reformulação baseada em Leví-Strauss de modo que o inconsciente freudiano foi redimensionado “como lugar de uma mediação comparável à do significante no registro da língua” (ROUDINESCO, 1998, p. 714).
Assim, simbólico passa a ser utilizado
para designar um sistema de representação baseado na linguagem, isto é, em signos e significações que determinam o sujeito à sua revelia, permitindo-lhe referir-se a ele, consciente e inconscientemente, ao exercer sua faculdade de simbolização. (ROUDINESCO, 1998, p. 714)

Para que o sujeito seja constituído de modo efetivo e psiquicamente saudável, neste sentido sob o prisma da psicanálise que aqui tomo como balizador, é necessário que a sua constituição se dê dentro da base triangular. A triangulação edipiana formada por pai – mãe – criança inaugura um mundo simbólico sustentado pela lei exercida pela função paterna, o pai fazendo parte do mito necessário à ordem (Lei) e, essa suposição torna-se universal e paira no imaginário coletivo.
A esse respeito, Dor (1992, p.17) trazendo as ideias de Lacan defende a importância do pai, não enquanto ser encarnado, mas como ‘entidade essencialmente simbólica’ que ordena uma função. Nesse sentido, a questão do pai é postulada sob a égide da triangulação edipiana como unidade fundadora da família. Com isso, busca-se marcar a importância das funções parentais e do seu papel simbólico enquanto um sistema ordenador do sujeito e suporte da estruturação psíquica da criança, permitindo-lhe iniciar-se em uma existência significante.
Assim, a família não se constitui apenas de homem, mulher e filhos, ela é antes construção psíquica, onde cada membro tem sua função e seu lugar constituindo-se num verdadeiro sistema cuja marca desempenha papel fundamental no nascimento do sujeito, em sua inscrição subjetiva. Vale salientar que apesar de Lacan tratar da teoria ele não exclui o corpo no seu esquema topológico nem reduz o fenômeno analítico apenas ao simbólico, ou seja ele não reduz o sujeito apenas a discurso.
Importante de pontuar com isso que cabe a mãe sustentar o pai através do seu discurso afinal, a psicanálise postula o ser humano como um ser linguageiro e, são os agentes que circulam a criança que irão configurar-se como figuras humanizadoras para mesma. Conforme Couto (2003, p. 57) observemos que “quando nos referimos à mãe, estamos remetendo não necessariamente à mãe natural, mas à função materna”
A leitura psicanalítica da constituição do sujeito tem como intuito demonstrar o valor da família como uma instancia importante para a criança numa ordem simbólica. As palavras que lhes são dirigidas são cheias de sentimentos dos agentes que a circulam e, inaugura possíveis vias de simbolização e sentimento. A família é então a entrada em contexto amplo e social, e é assim que, para fins desse escrito, considera-se a família, de modo geral, nos moldes propostos por Lacan, ou seja, como “sendo aquela na qual configura-se não apenas um grupo natural, mas, simbólico”. (LACAN apud DOR, 1992, p.17)
 A partir de tais premissas vemos então a importância simbólica da família na estruturação de uma criança e ainda a importância do corpo visto que a criança pequena vivencia inicialmente o mundo no corpo. Portanto
[...] o reconhecimento do que compõe o estatuto do ato educativo e da relação educativa – à luz de uma teoria freudiana da sedução – com o respaldo da ética psicanalítica, aponta para necessidade de, no processo educativo, abrir espaço para entrada da Lei do Pai, do terceiro, representados, nessa relação triádica, pela Cultura, pelo conhecimento. (Couto, 2003, p. 120)

Isso ficará ainda mais demonstrado quando a criança passa então a ter fraturas no processo de conhecimento. O seu corpo, o seu movimento, a sua aprendizagem em algum momento podem apresentar-se fracassados e eis que a análise do contexto no qual ela esta inserida é remetida para que a compreensão deste sujeito se faça, pois o sujeito esta inserido na instância simbólica sendo falado pelo grupo de pertença . A saber Cukiert (2004), tratando sobre o corpo na tópica lacaniana e da sua relação com o registro simbólico, nos esclarece que:
Tendo como referência o texto "Função e Campo da Fala e da Linguagem em Psicanálise", publicado por Lacan em 1953, e sua concepção do primado da linguagem, é preciso levar em conta o corpo marcado pelo Simbólico, suporte do significante, no qual as diversas partes podem servir de significantes, isto é, ir além de sua função no corpo vivo. CUKIERT (2004, 226-227)
Uma criança, neste sentido, pode apresentar uma inapropriação do seu corpo de modo que é torpe nos seus movimentos. Por ser considerada e falada pelo meio familiar como aquela que é incapaz de pegar algo que “tudo cai das suas mãos” ou ainda “vive caindo pelo caminho”, “não para”, “não aprende” é “descoordenada”, passa a ter nestes termos a sua verdade de forma que estas expressões a tornam uma desajeitada para o senso comum, mas, mais do que isso ela vivencia um significante de incapacidade como sendo a sua imagem corporal através da queixa-sintoma.
A contribuição do olhar psicanalítico sob o sujeito neste caso se mostrará eficaz quando o profissional conseguir acessar e compreender tal significante e permitir que o sujeito o elabore de modo mais adequado passando a uma imagem corporal diferente e, por conseguinte uma vivência corporal menos sintomática dando outros significados à sua vida. Isso se dará dialeticamente através das atitudes globais do sujeito. Sobre isso Fernández (1991, p. 59) contribui referindo que “a apropriação das possibilidades de ação, instrumentada pelo corpo confere um poder de síntese ao ser e ao saber do sujeito, assim como uma ressonância agradável que o ajudará a incorporar a experiência”
Os conhecimentos de conceitos relacionados ao corpo como o de imagem corporal auxiliam desta maneira o professor a ter outro olhar sobre o aluno-sujeito, de modo a ampliar e auxiliar com isso questões referentes à aprendizagem quando demonstram que alguns casos de dificuldade não se circunscrevem apenas a questões pedagógicas em si, mas, a questões psicomotoras. Por vezes, nas questões levantadas pelo professor vem à tona uma imagem corporal desconexa de modo que a atitude emocional frente ao seu próprio corpo naquele momento está lhe permitindo simbolizar através de um sintoma escolar. Por outras vezes, uma falta de domínio óculo-manual - que é fundamental de ser adquirido para que a criança tenha um bom domínio da escrita - necessita ser trabalhado. Neste sentido, percebamos quão importante é a interferência multirreferencial fazendo com que o professor amplie sua leitura do cenário educativo contemporâneo.
Pensar a escola torna inerente pensar também os processos e as relações que nela se estabelecem e, assim, falamos de processo ensino-aprendizagem, relação aluno-professor dentre tantas outras nomenclaturas. Trago então à baila a discussão se a escola questiona o seu próprio funcionamento quanto às relações estabelecidas do aluno com o processo de aprendizagem e o seu corpo. Ao verificar na escola que uma criança apresenta comportamentos instáveis tendo necessidade de estar em movimento durante todo o tempo, sendo desorganizada no espaço e nas questões práticas, esta é uma das situações em que o professor necessita do conhecimento teórico acerca de outras epistemes que apóiem sua prática.
Por vezes uma criança desorganizada apresenta um esquema psicomotor desorganizado. Daí verificar a importância de um trabalho diferenciado com este aluno-sujeito permitirá que seja redimensionada a sua falta de planejamento motor passando a usar seus movimentos em relação ao outro, a si mesma e ao meio - a sua corporeidade - como forma de melhorar essa sua relação Eu no Mundo. Sobre isso, Levin (2004, p.47) refere “o corpo é tomado na linguagem pela mediação da letra. Portanto, o corpo é “fonológico” e não falante por si mesmo. O que fala é o sujeito através de seu corpo, das variações tônicos-motoras, do movimento dos gestos e do esquema corporal”.
Certamente a escuta sensível do professor aos fenômenos que perpassam a sala de aula lhe permite uma acolhida destas demandas através de um olhar que possa contemplar e alcançar a singularidade das existências, através da utilização do lúdico, do jogo, da observação das falas, dos silêncios, dos gestos e do corpo, enfim, das diferentes manifestações expressivas do sujeito trazidas ao profissional que atua na escola. Avaliando como vão se construindo os caminhos traçados pelos desejos humanos e seus quereres concernentes à aprendizagem, revela-se a condição deste sujeito posicionar-se frente às suas questões sintomáticas. O trabalho desenvolvido por um profissional que esteja aberto ao diálogo entre as contribuições da psicanálise à educação irá se pautar na concepção da subjetividade como constituída através dos vínculos com o outro e, permitirá um olhar que enfatiza os artifícios internos, subjetivos e intrapsíquicos do aprendente que neste caso encontra-se em “processo de construção do conhecimento”. (SILVA, 1998, p.29)

PINCELADAS FINAIS: O CORPO NU

“O Corpo é o lugar fantástico onde
mora, adormecido, um universo inteiro.”
Rubem Alves

O trabalho com o corpo durante a escolarização passa por períodos distintos. Consideramos de um modo geral que se a apropriação deste corpo não se der adequadamente poderemos encontrar dificuldades no futuro, pois a simbolização no corpo vai se dando na medida em que o sujeito vai se constituindo enquanto tal. No processo de escolarização da criança durante a Educação Infantil, por exemplo, a necessidade de movimentar-se é mais respeitada pela escola, o corpo é usado em brincadeiras, atividades de arte, de música etc. A criança pode correr, pular, levantar-se sem censura alguma. Seguem-se inclusive as idéias de Piaget (1896-1980) que trouxe a caracterização do desenvolvimento da criança através da divisão de estágios e caracterizou de Período Sensório-motor de forma a considerar que nesta etapa, a criança organiza as informações obtidas através dos órgãos dos sentidos e desenvolve respostas aos estímulos ambientais, utilizando-se de um comportamento adaptativo, porque ela está constantemente modificando os seus esquemas de ação em resposta ao ambiente.
Entretanto a passagem para o Ensino Fundamental, quando as crianças estão por volta de 6 ou 7 anos, mostra uma mudança brusca sendo ela - a criança - chamada a ter outra postura: a de ser “mais séria”. Afinal de contas, acredita-se que para a efetivação do processo de letramento é necessário estar sentado em frente ao ‘mestre’ para dele ‘beber’ o conhecimento. Mas será que se trata apenas de uma questão cronológica? Será que há necessidade de olhar fixamente para o quadro para aprender ou, será que vivenciar o aprendizado no corpo torna mais efetivo e mais satisfatório aprendizado?
Estas são questões a se pensar! Em entrevista[8] à repórter Paola Gentile da Revista Nova Escola o psicanalista Esteban Levin marca que “Os movimentos são saberes que adquirimos sem saber, mas que também ficam à nossa disposição para serem colocados em uso”. Nesta mesma entrevista, Levin pontua ainda que “a obrigação de deixar o corpo estático, sem movimento, pode ser uma das causas da hiperatividade, isso sem falar das dores corporais que a falta de atividade às vezes traz”. Ratifico com isso a hipótese discutida na pesquisa de mestrado[9] em andamento em que muitos casos encaminhados pela escola como falta de atenção e concentração, ou ainda, ‘dificuldade de aprendizagem’ estão muito mais associados a questões psicomotoras mal trabalhas e, até por que não, mal administradas.
Sim, digo mal administradas, pois percebo uma ansiedade atual quanto à criança permanecer sentada chegando este aspecto a ser qualificado como avaliativo. Em tempos de tecnologia e cibercultura onde se fica sentado em frete à TV ou na internet, em chats, redes sociais ou em jogos eletrônicos durantes horas, parece-me que isto faz esquecermos que criança por si é movimento, é corpo em movimento como meio de absorção do mundo ao seu redor.
Suponho que uma forma de minimizar tais encaminhamentos seria um trabalho planejado com a finalidade de demonstrar ao professor que um bom uso do corpo pode ser de grande ajuda no processo de aprender e apreender conteúdos. Aprender experimentando no corpo mostra-se mais prazeroso do que sentados estáticos em frente ao “quadro-negro” afinal assimilar palavras, conceitos, teorias e construtos é realizado por cada um de modo distinto e, a padronização do ‘estar sentado’ pode dificultar este processo para aqueles que têm modalidade de aprendizagem sendo mais corporais do que verbais. Devemos enquanto profissionais não perder de vista a possibilidade de pensar várias opções para a criança adquirir conhecimento afinal, o uso do movimento corporal pode ser um recurso prazeroso e, por conseguinte, eficiente no processo de ensino e de aprendizagem que deve considerar os aspectos físicos, afetivos, sociais e cognitivos.
Podemos ainda pensar que uma das contribuições da psicanálise à escola é auxiliar teoricamente a implementação de planos de ação onde o corpo fosse valorizado enquanto peça importante na aquisição da aprendizagem de maneira que haja uma valorização do aluno enquanto sujeito ativo no processo pedagógico saindo da ideia de aluno como mero receptáculo de conhecimentos construídos socialmente. Para que consiga propor tais intervenções e para que exista uma mudança de eixo na visão do corpo e do ato motor é importante que o profissional conheça toda a escola, sua estrutura institucional e que forme laços afetivos que sustentem o trabalho visto que as relações profissionais são muito importantes neste sentido.
A partir do momento em que o profissional se aproxima das diversas instancias através do conhecer ele vai legitimar sua posição dentro da escola, estrutura que agora também fará parte, consolidando o seu trabalho. Terá que tomar cuidado para que não haja superposição de papéis e nesta intervenção pautará sua ação vendo também através da aproximação das instancias como esta escola se insere na comunidade (sociedade) sem pressa de dar resultados destes processos, pois, é a escuta detalhada e a interface destes contextos que irão compor o seu plano de ação.
A passagem do lugar de corpo pecaminoso à corpo legitimado ou seja, a ressignificação da função do corpo, permite que as lembranças do processo ensino-aprendizagem sejam prazerosas - como já citado - e isso faz com que o sujeito associe o aprendizado a sensações gostosas e encantadoras do brincar. O contato direto com os objetos e a interação com o outro promovem brincadeiras que geram curiosidade, inquietação, necessidade de movimentar-se e, no final, um aprendizado mais efetivo. Afinal de contas compreender a aprendizagem apenas reduzida ao viés da patologia é um reducionismo, pois o importante ao profissional na escola é verificar como o sujeito aprende e porque este processo pode estar “atrapado”[10] e não como ele não aprende pois isto está colocado pelos outros professores, coordenadores e até familiares. Deste modo, vejo que a Psicanálise legitima o corpo à escola mostrando que a relação corpo-aprendizagem é uma díade capital demonstrando ainda ser de grande importância que os profissionais que atuam na área educacional possam se apropriar melhor de como trabalhar para que o corpo seja um auxiliar seu favor. 
 REFERÊNCIAS
COUTO, Maria Joana de Brito D’Elboux. Psicanálise e Educação: a sedução e a tarefa de educar. São Paulo: Avercamp, 2003.
CUKIERT, Michele. Considerações sobre corpo e linguagem na clínica e na teoria lacaniana. São Paulo: Revista de Psicologia USP, v. 15, numero 1/2, p. 225-241, jun. 2004.
DOR, Joel. Introdução à leitura de Lacan: o inconsciente estruturado como linguagem, Porto Alegra: Artes Médicas, 1992.
_______. Introdução: a função do pai em psicanálise. In: O pai e sua função em psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991.
FERNÁNDEZ, Alícia. Lugar do corpo no aprender. In: Inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
INGUAGGIATO, Maria Luiza. Função paterna e desenvolvimento psicomotor. Revista Iberoamericana de Psicomotricidad y Técnicas Corporales. Ano 1, nº 4, nov/2001.
JERUSALINSKY, Julieta. Temporalidade e desenvolvimento. In: Enquanto o futuro não vem – a psicanálise na clínica interdisciplinar com bebês. Salvador: Ágalma, 2006.
LEVIN, Esteban. Reflexões a propósito da clínica psicopedagógica e psicomotora. In: Jerusalinsky, Alfredo (org) Psicanálise e desenvolvimento infantil: um enfoque transdisciplinar. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1999.
______. O corpo e o outro. In: A clínica psicomotora. Petrópolis: Vozes, 2004.
MORIN, Edgard. Os sete saberes necessários à Educação do Futuro. Brasília: Unesco, 2001
NÓVOA, Antonio. A formação contínua entre a pessoa-professor e a organização escola. In: Formação de professores e trabalho pedagógico. Lisboa: Educa, 2002. 
______. Para o estudo sócio-histórico da gênese e desenvolvimento da profissão docente. Teoria e Educação, Porto Alegre, Pannonica, nº 4, pp. 109/139, 1991.
ROUDINESCO, Elizabeth e PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
SÀNCHEZ, Pilar Arnaiz. A psicomotricidade: uma prática pedagógica de ajuda à maturação. In: A psicomotricidade na educação infantil: uma prática preventiva e educativa. Porto Alegre: Artmed, 2003.
SILVA, Maria Cecília Almeida e. Psicopedagogia: em busca de uma fundamentação teórica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.



[1] Refiro-me, por exemplo, ao uso das palmatórias.
[2] Cf. Morin, 2001.
[3] Tradução literal de dialética.
[4] Cf. Jerusalinsky, 2006.
[5] Cf. Sànchez, 2003.
[6] Cf. Roudinesco, 1998, p. 714.
[7] A tópica do RSI se modifica ao longo do pensamento de Lacan. Ela passou por duas organizações sucessivas: "na primeira (1953-1970), o simbólico exerceu a primazia sobre as outras duas instâncias (S.R.I.) e, na segunda (1970-1978), o real é que foi colocado na posição dominante (R.S.I.)". (ROUDINESCO, 1998, p. 755)
[8] Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-fisica/pratica-pedagogica/esteban-levin-corpo-ajuda-aluno-aprender-423993.shtml
[9] Pesquisa de Mestrado iniciada no ano de 2011, no momento em desenvolvimento na Universidade do Estado da Bahia, no Programa de Pós Graduação em Educação e Contemporaneidade sob o título provisório: A subjetivação do professor frente o aluno com inibição no ato de aprender, tendo como orientadora a Profª Pós Drª Maria de Lourdes S. Ornellas
[10] Termo usado por Alicia Fernández - traduzido para o português como sendo aprisionado - no livro Inteligência Aprisionada.

terça-feira, 26 de maio de 2020

“Uso do Desenho como estratégia de avaliação e intervenção na clínica infantil”




O desenho infantil trata-se de uma importante forma de comunicação da criança. Diferentemente do que algumas pessoas pensam, é através dele que a criança consegue demonstrar como está estabelecendo relações de troca com o meio, com as pessoas com quem convive, bem como também é uma maneira de expressar-se sobre temas que podem estar trazendo incômodos e sofrimento emocional. A depender da idade e do nível cognitivo a criança não consegue se expressar através das palavras e seria exatamente através dos desenhos infantis que conseguimos ter acesso às subjetividades.
Ainda que se mostre uma estratégia para profissionais de diversas formações, é na Psicologia Clínica e na Psicopedagogia que destacamos o uso do desenho como ferramenta de avaliação e intervenção através de Protocolos Específicos os quais guiam a realização deste trabalho.

No curso Uso do Desenho como estratégia de avaliação e intervenção na clínica infantil vou ensinar o passo a passo da realização desta técnica de maneira, bastante simples e prática!
Neste curso você pode esperar: 1- melhor entendimento como funciona o uso do desenho infantil como forma de avaliação e intervenção com a  criança, 2- aproveitar esta técnica para dirigir sua carreira na área de avaliação infantil, 3- mais segurança para realizar a interpretação das expressões gráficas materializadas através do desenho, 4- sensação de satisfação por entregar um serviço de qualidade técnica baseado em evidências.


QUANDO: 29 de Maio das 15h às 17h
ONDE: Plataforma Google Meet

Público: Psicólogos, Psicopedagogos, Fonoaudiólogos, Terapeutas ocupacionais, Psicomotricitas e afins.


CONTEÚDO:
ü    Entender o desenho como técnica projetiva e, sua utilização como um instrumento importante no cotidiano avaliativo.
ü    Analisar os aspectos expressivos e de conteúdo do desenho, enriquecendo sua prática.
ü    Verificar os dados relevantes na indicação de dificuldades de aprendizagem, sejam de ordem cognitiva, emocional ou social.



#psicologia #psicopedagogia #supervisão #mentoria #neurociencias #cognição #criatividade #empreendedorismo #empreendedorismopsi

Gestão Educacional em tempos de Pandemia!

Oiêeeee ...



Para ir atualizando vocês já que ficamos tanto tempo longe, em meio ao processo de trabalho entre atendimentos clínicos e a docência, continuei fazendo cursos em inovando na carreira de Psicologia

... Como muitos sabem, a principal interface que eu faço é com a Educação sendo ela Educação Básica ou Educação Corporativa ...

Diante disso, fiz um MBA em Gerenciamento de Projetos, e uma pós em Gestão Educacional ...

Sobre esta eu aproveito e, relato hoje um pouco mais pois, uma pergunta de uma amiga me inquietou:

"E se você fosse uma Gestora Educacional atuando in loco neste momento de isolamento/distanciamento social?"
  ... Pensei que, se neste lugar estivesse, implementaria um modelo de gestão “lean” no qual enquanto faria a análise do meu território - o que incluiria análise minuciosa do meu grupo de professores e dos tipos de famílias que a escola abarcava - com vistas em tomar decisões que trouxessem benefícios mútuos.

Usaria a rádio comunitária, redes sociais populares como whatsapp, facebook e youtube, carros de som, até sistemas on line que estão sendo disponibilizados com gratuidade (tento em vista o momento que estamos vivenciando) tanto para dar conta das questões de aprendizagem formal bem como para proporcionar as aprendizagens não-formais como e Educação Emocional. 

Imagino que não esteja sendo fácil tomar decisões, mas confio muito que tudo isso logo vai passar e, acima de tudo acredito bastante em quem está na linha de frente de muitas escolas por este Brasil!!!




segunda-feira, 25 de maio de 2020

Achados de um HD ...


Oiêeee ...

Faz tempo que não mexo no meu HD para organizar os arquivos ... ontem resolvi fazer um backup e, me deparei com uma pasta cheia de artigos por mim produzidos ... tantas coisas que nem me lembrava!!!!

Confesso que, a época do mestrado, lá pelos idos de 2010-2012 foram tempos de intensa produção acadêmica ... e, foi ali que este blog começou ... Resolvi trazer de volta estes escritos e, de tempos em tempos irei reproduzir os mesmos aqui ... Acompanhem!!!!

Hoje posto um artigo que resume a minha dissertação nas suas partes mais importantes!!!
Se você quer entender porque "Fuxicando com Milla", se joga nas letras abaixo!!

Olha aí ...

AGULHA, LINHA E TECIDO: os primeiros elementos do fuxico




O trabalho a seguir reveste-se de uma relevância ímpar por ser fruto da dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós graduação em Educação e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia. A pesquisa ora referida buscou articular metaforicamente a relação entre inibição da aprendizagem e fuxico arte de uma maneira bastante singular. As letras aqui apresentadas são um recorte do volume dissertativo e visam contribuir para a educação contemporânea através da avaliação dos debates atuais no campo da educação por meio de proposições em torno da temática dificuldade de aprendizagem. As concepções teórico-epistemológicas são apresentadas principalmente sob a égide da educação, psicologia e psicanálise. O foco terminológico se dá na “inibição no ato de aprender” com vistas à possibilidade de ampliação dos estudos de tal fenômeno, por compreendê-lo como aquele o qual dá possibilidade de entendimento com relação a uma função, não tendo necessariamente, uma implicação patológica o que também demonstra assim o seu caráter transitório. Considerando que a inibição é a demanda que ocorre unicamente na dimensão do eu, e se expressa como uma limitação funcional tratei no estudo, acerca da inibição do saber e tive como questão de pesquisa avaliar de que maneira o professor lida com os afetos prazerosos/desprazerosos que envolvem a relação com o aluno no processo de inibição no ato de aprender. O objetivo geral do estudo foi analisar os processos constitutivos do aluno com inibição no ato de aprender com vistas a encontrar alternativas que emerjam no aluno o desejo aprendente. Trata-se de um estudo qualitativo, os instrumentos selecionados para coleta foram: observação, entrevista narrativa e narrativa imagética e, a análise dos dados teve por base a análise do discurso de vertente francesa. Os sujeitos em número de seis foram selecionados pelo critério do desejo acerca do locus optou-se por uma escola da rede municipal da cidade de Salvador. Os achados da pesquisa estão representados pelas falas e expressam-se nas (in)conclusões fazendo-nos pensar que essa inibição é premente de ser escutada para que o aluno encontre na sala de aula seu lugar para aprender.

INICIANDO A PEÇA DE FUXICO[1]

Frente ao fato das letras aqui exibidas serem fruto de um recorte da dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós graduação em Educação e Contemporaneidade - PPGEduC sediado na Universidade do Estado da Bahia –UNEB faz-se premente desvelar que a pesquisa aqui mencionada aconteceu tendo como locus uma escola pública situada num bairro central da cidade de Salvador e o delineamento do objeto de estudo se deu a partir da demanda enquanto psicóloga na Secretaria Municipal de Educação desta cidade pelo fato de sempre ser convocada para dar conta de inibição no ato de aprender de alunos do ensino fundamental.
Diferentemente do utilizado no senso comum neste trabalho o foco terminológico se dá na “inibição no ato de aprender” com vistas à possibilidade de ampliação dos estudos de tal fenômeno, pois o compreendo como aquele que dá possibilidade de entendimento com relação a uma função, não tendo necessariamente, uma implicação patológica o que também o faz transitório. A inibição é a demanda que ocorre, unicamente, na dimensão do eu e se expressa como uma limitação funcional, neste caso, trato da inibição do saber.
A pedagogia articulada com a psicanálise tem sido uma via de entrada do desejo no campo da educação para tratar o sintoma, que se manifesta no sujeito através da inibição no ato de aprender e deste modo sabe-se que, para haver aprendizado, é preciso haver desejo e este apenas se coloca quando, no processo de estruturação psíquica da criança, ocorre a intervenção da Lei paterna. Estas dimensões se articulam através da dialética que se estabelece entre princípio do prazer e da realidade, configurando-se assim a dialética da autonomia e da heteronomia.
Uma avaliação dos debates atuais no campo da educação é suficiente para perceber um contíguo de proposições em torno da temática dificuldade de aprendizagem e, na tentativa de explicação destas sucedem-se novas concepções teórico-epistemológicas principalmente nas áreas de educação, psicologia e psicanálise. Diante de tais fatos estabeleço metaforicamente a relação da inibição da aprendizagem com o fuxico arte.
O fuxico o qual trabalho no espaço da pesquisa acadêmica é aquele que diz respeito à arte, a construção, ao movimento, a diferença. Penso no fuxico enquanto arte sendo o aluno “com” inibição no ato de aprender aquele retalho de pano que é subaproveitado, retirado da peça de tecido principal por não servir mais e, ao causar inquietação no que diz respeito ao que fazer dele o mesmo é entregue para que um outro possa dar um destino àquelas tiras irregulares, fora de padrão. Diante de tal exposição refiro que a metáfora do fuxico e sua conexão com a inibição no ato de aprender é a minha tentativa de contribuição com a proposta de interface entre psicanálise e educação.

OS PASSOS DA CONSTRUÇÃO DA PEÇA MULTICOLORIDA

Semelhante ao que acontece na confecção da peça artesanal “fuxico” os capítulos da dissertação foram divididos em passos. Em cada um deles foi descrito um momento da pesquisa e a seguir os mesmos são revelados.
Fazendo o molde de fuxico
 O primeiro passo do fuxico se refere à construção do molde para que os retalhos sejam recortados no formato redondo este foi referido na pesquisa e nomeado de Introdução de modo que antecipou o panorama a ser tratado no escrito na interface com a história acadêmica pessoal da autora e do processo introdutório do aprender.

O segundo passo do fuxico é a transposição do molde para o tecido e logo após o recorte do círculo, este capítulo nomeado Educação contemporâneareferiu acerca da avaliação dos debates atuais no campo da educação e trouxe a educação contemporânea de um modo mais generalizado; ainda é referindo sobre o cenário desta educação contemporânea e trazendo algumas problematizações que visaram à ampliação do olhar e a articulação com teorias que sustentam uma nova perspectiva do aluno; o atravessamento da psicanálise na educação emergindo como um novo estilo, perpassando pela importância da escuta analítica à educação contemporânea. Em seguida, foi apresentado ainda neste capítulo a descrição e discussão do panorama da educação, onde se apresentou esclarecimentos etimológicos sobre dificuldade, fracasso e inibição e ainda questões sobre o atravessamento da educação pela psicanálise, de forma a marcar a escuta como uma contribuição psicanalítica à leitura do fenômeno intitulado de inibição no ato de aprender.
O terceiro passo do fuxico é o alinhavo, discorreu-se neste capítulo denominado Constituição do sujeito da aprendizagem e inibição no ato de aprender,acerca da relação da constituição do sujeito na aprendizagem e a inibição no ato de aprender, metaforicamente também fazendo alusão ao alinhavo borromeico[2] no que tange o papel da família nesta estruturação, e como o professor se estrutura na relação com a inibição no ato de aprender.
Finalizando o fuxico
 No quarto passo do fuxico temos que puxar o alinhavo delicadamente para que o franzido se forme e efetivamente a unidade se constitua. Neste capítulo nomeado Fuxico por fuxico numa estampa singular tratou-se da metodologia, da escolha dos instrumentos, dos marcos teóricos, do locus, dos sujeitos e da análise dos dados de maneira que foi referido o escopo do que está presente como elemento fundante na investigação que forma esta peça final de fuxicos apresentada como uma dissertação de mestrado.
No quinto passo do fuxico após as unidades construídas fazemos a junção através do alinhavo final para dar forma à colcha de retalhos. Neste capítulo intitulado de Juntando os Fuxicos foram apresentadas considerações finais com um amalgamar da teoria usada e dos dados colhidos deixando em aberto alguns pontos que serão certamente alvo da continuidade dos estudos nesta metáfora tão singular.

ALGUNS DITOS SOBRE A CONTEMPORANEIDADE

É no campo de concepções conceituais, cognitivas, afetivas e sociais que encontra-se o professor contemporâneo. Este por vezes marca o aluno como possuidor de “dificuldade de aprendizagem” denunciando aparentemente, sem saber, sua incapacidade de lidar com a diferença, com a sua idiossincrasia, cristalizando uma inscrição que poderá no individual fazer signo com o significante,[3] instaurando uma situação de ordem simbólica que não temos como mensurar a forma com a qual a mesma pode atingir o sujeito nos seus processos inconscientes. Concordo desta maneira com Cohen (2009) quando a autora diz:

É impossível precisar uma única causa do fracasso escolar, generalizá-la e dizer se é falsa ou verdadeira. Desta forma, não sendo possível localizar a verdade sobre o que gera essa problemática, faz-se uma aposta, uma escolha. A etiologia do fracasso escolar é indecidível, porque sempre fará parte de uma determinada contingência educacional, ou seja, não há uma verdade calculável, que possa dizer sobre as suas manifestações para todos. (COHEN, 2009, p. 74)

A autora neste fragmento refere sobre a impossibilidade de precisar uma causa para o fracasso escolar e diante disso corroboro afirmando que não devemos pensar na inibição no ato de aprender de modo hedonista numa tentativa de buscar uma causalidade, pois tal inibição é multifatorial. Vale neste momento abrir um adendo para tentar esclarecer sobre questões referentes às nomenclaturas acerca da aprendizagem. De modo geral a utilização pela escola do termo “dificuldade de aprendizagem” traz nas entrelinhas o viés no qual nesta terminologia estão inseridas questões de ordem orgânica e de ordem simbólica, sendo as mesmas temporárias ou não. Como afirma Fernández (1991, p. 74) “a linguagem, o gesto e os afetos agem como significados ou como significantes, com os quais o sujeito pode dizer como sente seu mundo”. Consideremos que são as questões do nível simbólico que organizam a vida afetiva, cognitiva e social.
 Em se tratando de “fracasso escolar” - outro termo, bastante utilizado no meio escolar - percebemos neste, uma rotulação do sujeito e uma carga semântica a qual traz uma situação de ordem simbólica que pode ultrapassar a dimensão apenas escolar, sendo este significante - fracasso - transposto, muitas vezes, para outros espaços da vida do sujeito. A saber, fracasso (FERREIRA, 1977, p. 228) refere-se ao substantivo masculino sinônimo de “mau êxito, malogro, ruína” sendo ele um termo carregado de preconceitos. Vou tratar do avesso dessa assertiva trazida pelo autor conforme vem sendo posto.
Estas observações semânticas tornam-se base e fundamento do que desejo dizer, de modo que com tais expressões complexas o estudo das mesmas me leva a utilizar a terminologia “inibição no ato de aprender”, com vistas à possibilidade de ampliação dos estudos de tal fenômeno, pois compreendo o construto inibição como aquele que dá possibilidade de entendimento com relação a uma função, não tendo necessariamente uma implicação patológica, o que também o faz transitório. A inibição é a demanda que ocorre, unicamente, na dimensão do eu e se expressa como uma limitação funcional, neste caso trato da inibição do saber.
Sobre o termo ‘inibição’ Laplanche & Pontalis (2008, p. 240) nos trazem que inibido(a) “qualifica uma pulsão que sob o efeito de obstáculos externos ou internos, não atinge seu modo direto de satisfação podendo ser aproximações mais ou menos longínquas da meta primitiva”. Ou seja, tratar de inibição é trazer a possibilidade de um passe que qualificaria o deslocamento sintomático considerando que a Psicanálise não trabalha com a concepção de cura. Conforme descreve Cohen (2009):

[...]verificamos que a psicanálise se vê convocada a dizer algo sobre os sintomas que aparecem nas escolas e que atingem crianças e adolescentes na contemporaneidade. Esse esforço diz respeito a uma proposta de atuar no social, no mundo, desafiando os psicanalistas para além das fronteiras de seus consultórios (COHEN, 2009, p. 13)

E nesta pesquisa isso mostrou-se importante de ser abordado, visto que a demanda da escola à psicanálise, na figura do psicanalista ou psicólogo, é uma demanda de solução na qual diante dos marcos fundantes postulados desde Freud(1856-1939) e retomados por Lacan(1901-1981) na sua obra denota que a psicanálise é contrária a qualquer tentativa de aprisionamento em modelos predeterminados. O sujeito é o cerne do trabalho e seu desejo é respeitado, pois até o seu ‘não saber’ diz algo de si e a ideia trazida pela educação quanto à padronização e homogeneização faz com que tenhamos não mais o olhar sobre a beleza da arte de fuxicos, pelas suas diferentes estampagens, mas direciona um olhar apenas para aquela peça de tecido principal e nobre muitas vezes despida de qualquer criatividade, fabricada em série para atender o mercado de consumo. Deste modo, reitero que o problema de pesquisa visou responder a questão em torno de que maneira o professor lida com os afetos prazerosos/desprazerosos que envolvem a relação com o aluno no processo de inibição no ato de aprender.
A visão mais conservadora acerca da instituição escolar considera que, a mesma, tem como função preparar a criança para ingressar na sociedade, promovendo as aprendizagens reconhecidas como fundantes para o grupo social ao qual esse sujeito pertence. Nascimento (2006, p.51 e 52) sobre isso comenta que [...] “nas trilhas abertas pelas mudanças implementadas pela modernidade, foram concebidos muitos processos e meios de transmissão social do conhecimento”. No entanto, a escola foi o mais importante deles.
De uma maneira geral, corroborando tais teorias contemporâneas, o papel de representação do contexto social admitido pela escola é demonstrado ao eleger o universo cultural da classe dominante como modelo de instrução. Assim, o mesmo autor fala sobre a escola assumir como função principal preparar os sujeitos “para inserção na sociedade, entendida como mercado de trabalho” (Ibid, p.52) de maneira que por vezes a educação na contemporaneidade mais se aproxime da ideia de modelagem dos educandos.

EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA E SEU ATRAVESSAMENTO PELA PSICANÁLISE

A pedagogia articulada com a psicanálise tem sido uma via de entrada do desejo no campo da educação para tratar o sintoma, que se manifesta no sujeito através da inibição no ato de aprender. Neste sentido, cabe referir sobre o que se pode acessar no que tange o atual estado da arte da construção teórica sobre as possíveis articulações entre psicanálise e educação. A opção desta perspectiva de educação atravessada pela psicanálise permite que o olhar lançado à inibição no ato de aprender, seja o olhar sobre o aluno-sujeito, pois de acordo com os estudos de Fernández (1991):

A maioria dos problemas de aprendizagem tem a ver com a instalação do registro simbólico. Diríamos, seguindo a terminologia de Lacan, que tem sua base em uma dificuldade da passagem do segundo ao terceiro tempo de Édipo, neste momento em que o pai deve transformar-se de “pai-terrível” que é Lei, Norma e Saber, em representante da lei, da norma e do saber. (FERNÁNDEZ, 1991, p. 27)

Ou seja, o não aprender, por vezes, pode ser uma resposta de aprendizagem, em virtude de estar à criança em certa posição de sua dinâmica de subjetivação, a qual só lhe permite dar conta da demanda de aprendizagem, da forma sintomática ou ser ainda o sintoma de uma demanda imperiosa de aprendizagem, na qual a criança apresenta a pulsão de saber interditada para se opor a exigência do Outro[4] como o “nada saber”. Na metáfora do fuxico a criança então passa a ocupar outro lugar considerando tal a plasticidade das “formas irregulares” constituídas a partir de retalhos.
O fato de, o professor, oportunizar-se a outros estilos, fará com que o (des)compasso possa ser redimensionado e a proposta de uma (re)significação sobre a inibição no ato de aprender possa ser efetivada. Transformar fuxicos isolados em uma peça única requer criatividade e desejo de que a teia, de retalhos redondos, faça outro sentido.
Freud (1913), nos seus escritos sobre a neurose nos dá a contribuição referindo:

[...] A Psicanálise tem frequentes oportunidades de observar o papel desempenhado pela severidade inoportuna e sem discernimento da educação na produção de neuroses, ou o preço, em perda de eficiência e capacidade de prazer, que tem de ser pago pela normalidade na qual o educador insiste [...] Tudo que podemos esperar a título de profilaxia das neuroses no indivíduo se encontra nas mãos de uma educação psicanaliticamente esclarecida[5]. (FREUD, 1913, p. 191)

Torna-se assim, premente que o professor que faça parte da equipe institucional da escola, aqui proposta, reveja seu posicionamento frente inibição no ato de aprender, verificando se o aluno não está na escola apenas ocupando o lugar de fuxico, de um retalho inoportuno que atrapalha a ordem da escola. Ou ainda, ocupando apenas o lugar de aluno-objeto, aquele que repete o que lhe é ensinado, incapaz de produzir uma resposta própria de aprendizagem que é necessária e de fundamental importância para que este sujeito de posse dos seus atos e daqueles manejados pelo professor mostre ser um sujeito que cria e recria com conhecimento já que a inibição no ato de aprender seria um falso conhecimento que está impedindo o saber.
Esta modalidade de ato que discorre sobre a possibilidade de interface entre a psicanálise e a educação traz como principal contribuição o fato de oferecer possibilidades de descoberta de novos elementos de explicação para a inibição no ato de aprender que ultrapassam a dimensão sociológica ou sócio-política do fenômeno, posto que para entender como uma criança aprende ou não aprende, é necessário não apenas conhecer como opera sua estrutura lógica (a inteligência), mas também o seu simbólico. Afinal, as diferentes formas de inibição no ato de aprender, no registro individual, são respostas possíveis do aprendente às demandas da aprendizagem. Ou seja, o sintoma escolar pode ser uma das formas que o aluno apresenta como tentativa de sustentar-se na posição de sujeito quando se sente ameaçado pelas pressões do meio ambiente, conforme nos coloca Soares (2004).
Torna-se, desta maneira, necessário ampliar o olhar sobre o não-aprender entendendo que, por vezes, ele pode ser uma resposta de aprendizagem, em virtude de estar à criança em certa posição de sua dinâmica de subjetivação, a qual só lhe permite dar conta da demanda de aprendizagem, da forma sintomática. E a escuta pode ser um instrumento importante neste passe. Ornellas (2009) fala disso marcando ser preciso escutar o ambiente transferencial de sala de aula, lugar no qual acontece o ato educativo. É nesse ambiente que ocorre a escuta da relação professor-aluno, vista como um campo de condutas humanas. (ORNELLAS, 2009, p.55)
            Nesta perspectiva, o ato de escutar concebe a subjetividade como constituída através dos vínculos estabelecidos com o outro, enfatizando os componentes internos, subjetivos e intrapsíquicos do aprendente que, neste caso, é o sujeito da aprendizagem que se encontra em “processo de construção do conhecimento”.
O termo ‘inibição’ foi inaugurado por Freud em 1926 [1925], no texto intitulado Inibição, Sintoma e Ansiedade. Nele, o fundador da Psicanálise abandona a teoria inicial da ligação direta da angústia sendo originada da libido e a (re)significa como sendo uma reação a uma situação traumática. Neste texto, Freud salienta a importância da distinção entre sintomas e inibições considerando a segunda uma restrição de uma função do ego não necessariamente, patológica. O termo inibição pode ser considerado neste sentido uma intrusão no campo do simbólico e fazendo uma articulação do triádico[6] Inibição, Sintoma e Ansiedade (angústia) com a tópica Lacaniana do Real, Simbólico e Imaginário percebemos que as questões da aprendizagem podem ser consideradas como um sintoma no imaginário, apresentando também duas outras vertentes: simbólica e real, o que de acordo com Mrech (2003, p. 59) revela que “há algo além da relação professor-aluno de ordem especular”. Assim, a mesma autora traz o fato que há algo além dos fenômenos da aprendizagem pertencentes ao registro do imaginário e simbólico e que há também questões da inibição da aprendizagem concebidas a partir do registro do real.
Abaixo, trago as configurações estudadas que permitiram a articulação da tópica lacaniana com o triádico freudiano.





O estudo das articulações topológicas auxilia no fato de estarmos na contemporaneidade enquanto cientistas sociais e educadores convocados a reinventar soluções para os pontos de impasse vivenciados, sobre o qual o psicanalista Melman (2003) assim expressa:

Estamos no ponto de passagem de uma cultura cuja religião obrigava aos seguidores o recalque dos desejos e a neurose para uma outra em que se propaga o direito de sua livre expressão e de uma plena satisfação. (MELMAN, 2003, p. 191)

A família e a escola deste modo são instituições sociais que estão submetidas, hoje, aos efeitos de uma mutação cultural que implica na desconsideração crescente dos valores que, até então, vinham sendo transmitidos pela tradição moral e política, o pensar sobre este fenômeno expressa o apreço pelo fato de ser através de múltiplas interações culturais e da constituição de um sistema de relações no espaço da família, que a criança se constitui, enquanto pessoa, inserida na complexidade da vida social. Desta forma, a função da família parece ser condição de sustentação para o crescimento do sujeito enquanto tal, para que este tenha apoio afetivo suficiente para crescer tolerante a frustrações, constituindo-se, assim, em um sujeito desejante, integrado e autônomo, capaz de aprender.
Semelhante ao artesão, o pesquisador precisa organizar-se para apreender a arte fuxico. Nesta pesquisa optei pela abordagem qualitativa devido ao fato da natureza do fenômeno que proponho estudar não ser adequada às medidas quantitativas. A escolha dos instrumentos de coleta de dados vislumbra a intenção da escolha de métodos que propiciem a apreensão dos dados acerca do objeto estudado. Assim, neste estudo optou-se por utilizar a observação, a entrevista narrativa e a narrativa imagética considerando que estes três interconectados propiciariam a colheita de dados de maneira sistematizada e, dariam forma aos passos fuxicos na construção da peça. O material coletado neste estudo através das observações, entrevistas e narrativas imagéticas passou pelo processo de escuta, degravação e, sua análise foi realizada com o uso da Análise do Discurso (AD) de vertente francesa. Os sujeitos da pesquisa foram selecionados com base no critério de serem professores do segmento de Fundamental I e também do critério de desejo de participação. Os sujeitos desta pesquisa, a partir da análise dos formulários, podem assim ser descritos de maneira sistematizada:

Código do Participante

Idade
Estado Civil

Etnia
Renda
(em Salário Mínimo)
Nível de escolaridade

CH

Imagem Escolhida
Professora 01
41 anos
Casada
Parda[7]
Entre 02-05 SM
Especialista
40
01
Professora 02
43 anos
Casada
Parda
Acima de 10 SM
Doutoranda
40
01
Professora 03
40 anos
Casada
Parda
Entre 05-10 SM
Especialista
40
03
Professora 04
39 anos
Casada
Parda
Entre 02-05 SM
Especialista
40
02
Professora 05
47 anos
Separada
Preta
Entre 02-05 SM
Especialista
40
02
Professora 06
49 anos
Casada
Parda
Entre 02-05 SM
Especialista
40
02
Tabela 1 - Categorização das falas sujeitos da pesquisa

A organização das observações, narrativas e entrevistas foram sistematizadas na tabela abaixo de modo a revelar aproximações e distanciamentos.

CATEGORIA
APREENSÃO DO DADO
DESCRIÇÃO
TRIANGULAÇÃO

A





OBSERVAÇÃO
Dentro-Fora da sala de aula
O entrar e sair da sala de aula
B
Aluno inibido no aprender
A inibição propriamente dita
C
Aprender no campo do impossível
A inibição propriamente dita
D
Participação da família no aprender
A escola e sua interface com a família
E
Bicho papão do aluno
A inibição propriamente dita
F



NARRATIVA
Leitura das letras da escola
A inibição propriamente dita
G
Fuxico de aluno
O aluno no lugar de fuxico
H
Sim e Não na presença da família
A escola e sua interface com a família
I

ENTREVISTA
Aluno Inibido: sinônimo de retraído
A inibição propriamente dita
J
Inibição e dificuldade instrumental
A inibição propriamente dita
Tabela 2 – Triangulação dos achados coletados nas observações, narrativas e entrevistas.

A emergência das falas a partir do uso dos instrumentos permitiu articular as categorias descritivas iniciais, que foram extraídas de cada um deles, e passaram a se conectar numa cosmo-visão a qual tenta-se explorar em detalhe. Embora os pontos de vista apresentados reflitam os resíduos ou as memórias da conversação, a construção do enlace por parte do pesquisador é que permitirá a tessitura do que foi apreendido. Aqui me permito à interdisciplinaridade teórica e remeto a topologia lacaniana do Nó Borromeu que outrora foi referido.
Se considerarmos que na estrutura borromeica a consistência afetada pelo imaginário de um buraco fundamental resulta do simbólico e de uma existência que pertence ao real (Dor, 1989) o enlace deles pode ser comparado ao enlace dos dados no qual o simbólico seria a fala dos sujeitos, o imaginário seria a análise do discurso feita pelo pesquisador e o real seria o que escapa de ser apreendido por estar na incompletude estrutural, na falta.

FUXICOS MULTICORES NUMA ARTE QUASE-FINAL

A partir da perspectiva teórica psicanalítica distinguiu-se introdutoriamente sobre as terminologias dificuldade, fracasso e inibição dando-se enfoque a esta última conforme fora trazida por Freud no texto Inibição, Sintoma e Ansiedade (1926 [1925]). Percebendo-se, desta maneira, a inibição na relação com o trabalho intelectual e ainda aquiesça a forma sublimada de se obter satisfação mediante um desvio pulsional utilizou-se também o olhar sob prisma da contribuição lacaniana que versa no que tange esta percepção terminológica acerca da consideração da mesma pela via da constituição do sujeito do desejo e da categoria inibição passando a um efeito da estrutura do ser falante inerente à própria organização dos objetos pulsionais.
Diante disso ainda foram trazidas as problematizações que visam ampliar o olhar e a articulação com teorias que sustentam uma nova perspectiva do aluno num tom contemporâneo e foi apresentada para isso a possibilidade do atravessamento da psicanálise à educação como um novo estilo. A constituição do sujeito na aprendizagem e a inibição no ato de aprender foram metaforicamente expostas fazendo alusão ao alinhavo do fuxico que parece ter sido feito borromeico no que tange o papel da família nesta estruturação e a interface também do professor frente tal estrutura.
Penso ainda que destarte tratar da inibição propriamente dita, que os achados quanto o aluno ocupar o lugar de fuxico e quanto à importância da interface escola-família marcam os sentidos por mim apreendidos nesta pesquisa.


REFERÊNCIAS
COHEN, Ruth Helena Pinto. Projeto Aleph: testemunho de uma prática. In: COHEN, Ruth Helena Pinto. Psicanalistas e Educadores: tecendo laços. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2009.

DOR, Joel. Introdução à leitura de Lacan: o inconsciente estruturado como linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

FERNÁNDEZ, Alícia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artmed, 1991.

FERREIRA, Aurélio. B. H. Minidicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1977.

FREUD, Sigmund.  O interesse Educacional da Psicanálise (1913). In: Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

______. Inibição, Sintoma e Ansiedade (1926 [1925]). In: Obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

LAPLANCHE & PONTALIS. Vocabulário de psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

MELMAN, Charles. O homem sem gravidade: gozar a qualquer preço. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2003.

MRECH, Leny Magalhães. Psicanálise e Educação - Novos Operadores de Leitura. São Paulo: Pioneira, 2003.

NASCIMENTO, Antonio Dias. Contemporaneidade: educação, etnocentrismo e diversidade. In: LIMA JR., A.S E HERTKOWSKI, T.M. (org.) Educação e contemporaneidade: desafios para a pesquisa e a pós-graduação. Rio de Janeiro: Quartet, 2006.

ORNELLAS, Maria de Lourdes. Afetos manifestos na sala de aula. São Paulo: Annablume, 2009.

ROUDINESCO, Elizabeth. A família em desordem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.

ROUDINESCO, Elizabeth & PLON, Michael. Dicionário da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.

SOARES, Jacy Célia da Franca. Psicanálise e Educação: novas aproximações num tempo de mutações. Revista da FACED, n° 08, 2004, p. 195 – 207.





[1] O presente texto trata-se de um recorte da dissertação de mestrado da autora a qual se encontra disponível na íntegra para consulta no site: http://www.cdi.uneb.br/paginas/dissertacoes.html
[2] Aqui me refiro à construção lacaniana “nó borromeu” de 1972, no qual três círculos de cordão são atados de forma que se cortarmos qualquer um deles desfaz a junção com os outros dois círculos. Estes círculos trazem a representação das três categorias (Real-Simbólico-Imaginário) as quais de acordo com Lacan devem ser mantidas juntas. Cf. Roudisnesco&Plon, 1998, p.541.
[3] Significante – termo introduzido por Ferdinand de Saussure no quadro de sua teoria estrutural da língua retomado por Lacan como um conceito central em seu sistema de pensamento sendo o significante o elemento significativo do discurso (consciente ou inconsciente) que determina os atos, as palavras e o destino do sujeito, à sua revelia e à maneira de uma nomeação simbólica. (Cf. ROUDINESCO, 1998, p. 708)
[4] Outro – Termo utilizado por Lacan para designar lugar simbólico – o significante, a lei, a linguagem, o inconsciente – que determina o sujeito, ora de maneira externa a ele, ora de maneira intra-subjetiva em sua relação com o desejo. (Cf. ROUDINESCO, 1998, p.558)
[5] Tema que estamos discutindo nos grupos de estudos e nos colóquios da linha de Psicanálise e Educação do Grupo de Estudos e Pesquisa em Psicanálise, Educação e Representação Social (Geppe-rs)
[6] Termo usado por Lacan no Seminário de 17 de dezembro de 1974 para referir-se ao texto de Freud Inibição, Sintoma e Angústia.
[7] Utilizei a categoria “parda” referindo o que foi dito pelos sujeitos da pesquisa.