quinta-feira, 18 de abril de 2013

Não basta ler, é preciso pensar.

Oiê ...



Na prática do dia a dia de sala de aula venho percebendo a dificuldade de alguns alunos na interpretação das perguntas feitas. Em outros posts falei sobre Medicalização da Educação e o fato citado acima nada tem a ver com Dislexia.

A dificuldade que refiro trata-se da dificuldade de pensar ... da dificuldade de compreender para além do escrito nas letras e sim no que esta implícito na pergunta ... extrapolar o lido é interpretar, é compreender e num mundo hipertextual vejo a necessidade de (re)significarmos o que é ler e chegar no pensar ...

Segue abaixo um trecho compartilhado no meu espaço atual de trabalho que julgo interessante de ser discutido ... Ao fazer uma prova o professor se preocupa com pegadinhas ou com avaliar de fato?

Concordo com o dizer de alguns autores como Pelissoni sobre a necessidade de superação do caráter punitivo e classificatório da avaliação buscando um processo contínuo e sistemático que mostre funcionalidade com os objetivos educativos. Para isso precisamos ensinar os alunos a ler e a pensar!   

Não basta ler, é preciso pensar.

Autor: Ryon Braga

O incentivo à leitura tem sido um dos maiores desafios dos educadores já há alguns séculos. Iniciativas públicas e privadas que aproximam a criança e o jovem do livro vem se multiplicando em todo o país, com sucesso crescente. Já passamos da marca de leitura de dois livros por ano por pessoa no Brasil. Parece pouco, mas esta estatística dobrou nos últimos 20 anos, mas ainda assim é quatro a cinco vezes menor do que em países europeus.

Fazendo uma analogia ao processo de universalização do ensino fundamental - primeiro foi a preocupação em ofertar escolas para todos, agora vem a necessidade de melhorar a qualidade. Na leitura idem. Primeiro precisamos incentivar o hábito da leitura em todas as camadas sociais, depois precisamos aperfeiçoar este hábito

Um dos projetos mais inovadores do país no que se refere ao aperfeiçoamento máximo do hábito da leitura chama-se PAE - Programa de Aceleração da Erudição, que é uma iniciativa da ONG Reaprendentia, com sede em Foz do Iguaçu-PR. Com o lema "Estudo, eis tudo", a instituição elaborou um programa diferenciado que estimula jovens e adultos não apenas a cultivar o hábito da leitura, mas a trabalhar o texto lido de forma muito mais abrangente, considerando, entre outros, os seguintes elementos:

a)  Compreensão em profundidade do texto lido.
b)  Análise minuciosa e detalhada do conteúdo da obra.
c)  Avaliação crítica e comparativa do conteúdo.
d)  Debates para a ampliação da visão de conjunto contrastando visões e interpretações da obra.
e)  Discussões sobre a contextualização da obra na realidade existencial do leitor.
f) Desenvolvimento da capacidade argumentativa e expositiva do leitor, exigindo mais do que a compreensão da obra, pois inclui a necessidade de integração cognitiva com o conhecimento prévio do leitor.

A Reaprendentia trabalha ainda com a otimização dos hábitos de estudo, ensinando a pessoa a como estudar melhor e aprender mais. Esta prática é de necessidade vital para o ensino brasileiro, uma vez que os exames oficiais como o ENEM e o ENADE tem média de aproveitamento inferior a 50%.

Pesquisa realizada pela Hoper Educação com uma amostra de 200 estudantes que fizeram a última prova do ENADE (o exame que avalia o desempenho do estudante de ensino superior brasileiro) demonstrou que 52% das questões que eles erraram no exame não foi devido a falta de conhecimento do conceito do que estava sendo perguntando, mas sim devido à incapacidade do estudante em compreender o enunciado da questão.

Evidências como esta mostram que não basta incentivar a leitura, mas precisamos ensinar a pensar, raciocinar, criticar, avaliar, interpretar, comparar, sintetizar, argumentar, expressar, etc. Só assim poderemos afirmar que a educação muda o país.

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