segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

De onde vem o meu fuxico I

Para que se possa entender melhor sobre o fuxico trago um pouquinho da história dele:
 

O fuxico trata-se de uma técnica artesanal que tem sua origem desconhecida. Historicamente pensa-se que a sua matéria prima – tecidos nobres – tenha chegado ao país trazida por portugueses e espanhóis no século XIX e, a feitura em si do fuxico é atribuída às escravas africanas[1].
Suas manifestações mais pertinentes podem ser encontradas nos estados da Bahia, Minas Gerais e Pernambuco, há pelo menos 150 anos e de uma forma geral esteve associado a uma classe social de baixa renda e ainda às comunidades rurais. Importante referir que em certa medida o brasileiro dificilmente se deixou moldar pelos hábitos artísticos e culturais dos seus colonizadores e essa miscigenação faz com que se dê origem a uma das nossas maiores características: a criatividade.

O fuxico enquanto arte provém do interior da própria cultura popular na interface da tradição portuguesa, espanhola, indígena e africana. O mesmo é composto especialmente pela união de várias pequenas trouxas de tecido, que normalmente são feitas com retalhos descartados após o uso da peça principal na confecção de peças nobres. Na elaboração desta técnica, de maneira geral, são utilizados os retalhos de tecidos, agulhas, linhas, um molde de formato redondo e tesoura e, os pontos que vão fazendo a união. Curioso referir que a expressão “fuxico” também diz respeito - na região nordeste do Brasil – à conversa das mulheres que se uniam para confeccionar o artesanato e, enquanto isso não perdiam tempo colocando as fofocas, os cochichos e os mexericos em dia. Ou seja, realizavam seus famosos “fuxicos”.
 
O fuxico o qual trabalho é aquele que diz respeito à arte, a construção, ao movimento, a diferença. Assim, utilizo esta metáfora fazendo relação com a inibição no ato de aprender. Inicialmente penso no fuxico enquanto arte sendo o aluno com inibição no ato de aprender aquele retalho de pano que é subaproveitado, retirado da peça de tecido principal e, ao causar inquietação no que diz respeito ao que fazer dele o mesmo é entregue para que um outro possa dar um destino àquelas tiras irregulares, fora de padrão.
Essa referência de fuxico faz também laço com a minha história em que cada fase é representada parcialmente por uma unidade as quais formam a colcha da minha vida. Etapas que se somam, se enredam na medida em que as diferenças se juntam numa estampagem quase harmônica e ao mesmo tempo multifacetada.






[1] Cf. http://fuxiquinha.wordpress.com/historia-do-fuxico/

 

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