quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Crianças que não aprendem

Oiê ...

Estive pensando sobre as crianças que não aprendem na escola. 

Por muitas vezes escuto os mais diversos comentários sobre elas desde a culpabilização da ausência da família passando por comentários sobre a carência cultural. Entretanto o que mais me chama atenção são as afirmativas em torno do fracasso escolar na maioria das vezes estar atrelado a capacidade intelectual.

Nos últimos tempos este tem sido o alvo dos meus estudos.

O conceito de debilidade tem origem na psiquiatria do século XIX e nomes como oligofrenia e idiotia eram usados nesta época. Com as contribuições de Binet-Simon nos idos de 1904 temos o uso das escalas métricas de inteligência e a partir daí o chamado QI (Quociente de Inteligência) passou a ser foco e hoje está no inconsciente social.

É importante referir que alguns equívocos permanecem em torno do QI. Ele não é uma medida de inteligência mas sim uma avaliação comparativa. Compara-se a criança à uma média. esta avaliação foca em operações essencialmente escolares como: escrita, leitura, cálculo e compreensão da linguagem. Outro ponto é que o QI pode variar com o tempo especialmente se a criança faz psicoterapia ou se encontra em melhores condições emocionais.

Novamente afirmo diante disso que rotular as crianças através de diagnósticos faz com que corramos o risco de colocar um obstáculo para qualquer escuta singular. Para muito além de medidas quantitativas questões simbólicas permeiam os quadros de não aprendizagem, situações que necessitam ser verificadas através de um olhar diferenciado que permita no ambiente transferencial uma intervenção, no caso, ainda tomando o critério da singularidade...

Falaremos mais sobre isso em breve ...

Para ampliar as leituras indico o livro "Os atrasados não existem" de autoria de Anny Cordiè.





Release: 

"Muitas crianças, como as descritas em 'Os Atrasados Não Existem', passam pela difícil experiência de abandonar sua turma escolar e frequentar classes de recuperações e permanecer de qualquer forma atrasados, sendo discretamente discriminados sob a etiqueta 'fracasso escolar'. Tal situação crítica gera e é decorrente de um enorme sofrimento psíquico, ou seja, correspondente a um sintoma que precisa ser compreendido. Como se forma esse sintoma? Anny Cordié revisa os fatores implicados no fracasso escolar - aspecto sócio-cultural, conflitos familiares, sistemas pedagógicos, deficiência intelectual - e constata que nenhuma dessas causas, por si mesma, é suficiente para explicar o fracasso. A autora estuda atentamente várias crianças e, mais do que explicar o fracasso escolar, sua experiência lhe permite detalhar como funciona a inibição que o desencadeia. Além disso, Anny Cordié também busca distinguir as crianças neuróticas e psicóticas e, inclusive, pretende impedir a psicotização de algumas crianças a perigo. Nesta obra esclarecedora, essa importante psicanalista mostra o que os 'atrasados' lhe ensinaram, e aprendemos com ela que eles, os 'atrasados', não existem."
http://www.carloslivraria.com.br/os-atrasados-n-o-existem.html

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